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Premiê sueco testemunhará em caso de compra de caças Gripen

ESTOCOLMO (Reuters) – O primeiro-ministro da Suécia, Stefan Lofven, foi intimado a depor no mês que vem como testemunha em um caso de corrupção no Brasil envolvendo a compra de caças de combate, informou o Tribunal Distrital de Estocolmo nesta quarta-feira.

Lofven será interrogado em uma corte sueca sobre seus contatos com os ex-presidentes brasileiros Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva a respeito da compra de caças Gripen por meio de um acordo firmado cinco anos atrás.

O pedido de depoimento partiu do Ministério da Justiça do Brasil em nome dos acusados, inclusive Lula, revelou um documento da corte visto pela Reuters. Os advogados de Lula dizem que o ex-presidente, que está preso por conta de um outro caso em que foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, é alvo de perseguição política.

Lofven, que não é suspeito de nenhuma irregularidade, fez lobby por um acordo para a compra dos caças Gripen quando comandava a poderosa entidade sindical IF Metall. Ele se tornou presidente do Partido Social Democrata no início de 2012, e foi eleito como premiê em 2014.

Uma porta-voz de Lofven disse que ele ainda não recebeu a intimação, mas que está pronto para depor e responder qualquer pergunta do tribunal.

“Em seu papel de chefe de uma entidade sindical, era natural Stefan Lofven apoiar as exportações suecas”, argumentou a porta-voz Ingela Nilsson. “Isso inclui o caso da Gripen.”

No final de 2013 o governo brasileiro anunciou que escolheu o caça Gripen NG produzido pela Saab. O avião sueco derrotou o F-18 Super Hornet, da Boeing, e o Rafale, fabricado pela francesa Dassault Aviation.

Em 2016, procuradores brasileiros acusaram Lula formalmente de usar sua influência sobre o governo Dilma para ajudar a Saab a vencer a licitação para a compra de 36 caças de combate.

Os advogados de Lula afirmaram que ele não teve nenhum papel na compra dos Gripen, e tentaram obter o testemunho do líder sueco para desacreditar as alegações feitas pelos procuradores de que o acordo foi fechado em uma reunião entre Lula, Dilma e Lofven em um hotel da África do Sul durante o funeral de Nelson Mandela em 2013.

Essa reunião nunca aconteceu, afirma o escritório de advocacia de Teixeira, Martins & Advogados, em um comunicado enviado por email no qual sustenta que o caso equivale a uma “perseguição política”.

Lula se entregou à polícia em abril para começar a cumprir uma pena de 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, e ainda enfrenta outras acusações de corrupção.

O ex-presidente lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais deste ano, mas deve ser impedido de entrar na disputa por causa da Lei da Ficha Limpa, que torna inelegíveis condenados em órgãos colegiados da Justiça.

Dilma não foi acusada de nenhuma irregularidade no caso.

(Por Johan Sennero e Daniel Dickson em Estocolmo; reportagem adicional de Anthony Boadle em Brasília)

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