Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) – A produção de petróleo da Petrobras na Bacia de Campos caiu 1,4 por cento em junho ante maio, a 1,042 milhão de barris por dia (bpd), menor nível desde outubro de 2001, em meio ao declínio de uma grande quantidade de campos maduros, apontaram dados da petroleira estatal.
Em relação ao mesmo mês de 2017, a produção da empresa na Bacia de Campos em junho recuou 15,8 por cento, o que colaborou para uma redução no bombeamento total da companhia no segundo trimestre.
Em abril, maio e junho, a produção em Campos ficou abaixo de 1,1 milhão de barris/dia, o que não ocorria por três meses seguidos também desde 2001, ainda que a Petrobras já venha lidando há algum tempo com a produção menor na bacia.
O contínuo declínio da extração na região que responde por cerca de metade da produção de petróleo da Petrobras, em áreas no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, tem neutralizado os efeitos da entrada de novas plataformas produtoras no pré-sal da Bacia de Santos, segundo cálculos do Goldman Sachs.
“Destacamos que as taxas de declínio na Bacia de Campos continuam a atingir níveis elevados de 167,4 mil barris de óleo equivalente/dia (boe/d) (excluindo a venda de Roncador), mais do que compensando o aumento de 103,7 mil boe/d de novas unidades na Bacia de Santos (excluindo as paradas de manutenção)”, disse o Goldman.
A empresa concluiu a venda de fatia de 25 por cento de Roncador para a petroleira Equinor (ex-Statoil), em 14 de junho, em um negócio de 2,9 bilhões de dólares.
A parceria da brasileira com a norueguesa também incluiu medidas para elevar o fator de recuperação de Roncador, potencialmente atenuando no futuro o declínio natural de produção da área. A Petrobras tem outros esforços paralelos para melhor aproveitamento do petróleo de Campos.
A Bacia de Campos teve os primeiros campos com volume comercial descobertos em 1974. Ali também foi descoberto o primeiro campo gigante em águas profundas do país, o de Albacora, em 1984.
No entanto, analistas acreditam que a entrada em operação de novas plataformas ainda neste ano deverá melhorar o cenário para a Petrobras.
PRODUÇÃO TRIMESTRAL E META
A produção total de petróleo da empresa no Brasil caiu em junho pelo segundo mês consecutivo, com recuo de 1,5 por cento ante maio, para uma média de 2,03 milhões de bpd, informou a Petrobras na noite de segunda-feira. Na comparação com junho de 2017, houve uma queda de 7 por cento.
“Temos uma avaliação negativa dos dados de produção da Petrobras de junho, pois estimamos que a produção doméstica de petróleo teria caído 3,5 por cento, mesmo excluindo os impactos das paradas de manutenção no FPSO Cidade de Paraty e a conclusão da venda da participação de 25 por cento no campo de Roncador”, disse o Goldman.
Conforme a estatal, o desempenho de junho foi principalmente devido à parada para manutenção do FPSO Cidade de Paraty, localizado no campo de Lula no pré-sal da Bacia de Santos, e à cessão de 25 por cento da participação do campo de Roncador para a Equinor, concluída em 14 de junho.
A corretora Guide Investimentos apontou que o resultado em junho foi marginalmente negativo: “O volume veio ligeiramente abaixo do resultado do mês anterior, e marginalmente inferior à meta estabelecida para este ano”.
No segundo trimestre, a média da produção de petróleo no Brasil atingiu 2,063 milhões de bpd, queda de 1,1 por cento ante o primeiro trimestre e redução de 4,5 por cento ante o mesmo período de 2017.
No primeiro semestre, a média de produção de petróleo no Brasil foi de 2,074 milhões de bpd. A meta da empresa é produzir no Brasil 2,1 milhões de bpd em 2018.
Considerando a produção de petróleo e gás da empresa, no Brasil e no exterior, o volume chegou a 2,66 milhões de boe/d, recuo de cerca de 4 ante o mesmo período de 2017.
Analistas, contudo, acreditam em um aumento da produção ao longo do ano. A empresa já colocou em operação duas novas plataformas neste ano e previa outras cinco. No entanto, recentemente apontou que uma delas poderá ficar para 2019.
“Adiante, esperamos que a produção total da Petrobras aumente à medida que novos sistemas entrem em produção”, disse o JP Morgan, em relatório a clientes.
(Por Marta Nogueira)