Por Lisandra Paraguassu e Marta Nogueira
BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) – O presidente Michel Temer deverá confirmar Ivan Monteiro como presidente efetivo da Petrobras ainda nesta sexta-feira, disseram à Reuters duas fontes palacianas, após o Conselho de Administração da estatal aprovar o nome para o cargo interinamente.
A decisão vem após Pedro Parente renunciar pela manhã ao cargo de presidente, em meio a uma forte pressão sobre sua política de preços para os combustíveis. [nL2N1T31D1]
Ao confirmar a aprovação de Monteiro pelo Conselho como presidente interino, a Petrobras informou que o executivo acumulará a função de diretor-executivo financeiro e de relacionamento com investidores, que ocupa atualmente. [nL2N1T3204]
De acordo com uma das fontes palacianas, Temer tem intenção de manter toda a diretoria da empresa como um sinal de que o governo não irá interferir na administração ou nas diretrizes da Petrobras implementadas por Parente.
A Reuters adiantou mais cedo com uma fonte a informação de que Ivan Monteiro havia sido nomeado para o importante cargo interinamente e que, em seguida, viajou a Brasília para uma reunião com Temer.
Uma fonte da empresa apontou à Reuters que há um entendimento na cúpula da Petrobras de que a permanência de Monteiro como presidente definitivo faria bem à estatal, por dar continuidade ao que estava sendo feito.
“É bom que seja um nome de dentro, que está por dentro de tudo que está acontecendo, todas as discussões. O nome do Ivan é um nome excelente… é uma pessoa técnica, que quer o bem da empresa, muito competente e está por dentro dos problemas”, disse.
A fonte ressaltou, no entanto, que Monteiro aceitou o desafio com a ressalva de que pretende ter assegurada a mesma independência para tocar a companhia garantida antes a Pedro Parente.
Em sua carta de demissão, divulgada nesta sexta-feira, Parente disse que não houve interferência governamental em seu período no comando da petroleira.
No documento, no entanto, Parente apontou que não queria ser “um empecilho” para a discussão de alternativas políticas pelo governo.
Ainda segundo a fonte da Petrobras, chegou a haver pressão da Brasília sobre a política de preços da Petrobras, mas até o momento a estatal conseguiu garantir que o governo bancará o custo das medidas para redução dos preços, como a mudança na frequência dos reajustes para o óleo diesel.
“Está todo mundo dizendo que a política (de preços da Petrobras) acabou, que mudou, mas todo esse malabarismo que está acontecendo é para manter a Petrobras no seu caminho. O mais fácil era alguém ligar de Brasília dizendo ‘abaixa o preço’. E não foi isso que foi feito”, argumentou a fonte da Petrobras.
O programa federal de subvenção ao diesel, cujas regras foram publicadas nesta semana em decorrência da greve dos caminhoneiros, estabelece que governo pagará a Petrobras “em espécie” pelos custos com as mudanças nos reajustes para o combustível.[nL2N1T30F8]
Uma segunda fonte da empresa afirmou que Monteiro foi um consenso no Conselho, e que “é o melhor nome para acalmar mercado e investidores”.
“Ele já vinha fazendo a interlocução com o mercado, com bancos e detentores de dívida e achamos que não há outra pessoa indicada para a empresa esse momento… A Petrobras vai precisar de alguém que seja aceito pelo mercado e tenha esse reconhecimento”, disse a segunda fonte da empresa.
(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)