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Temer indica técnico para presidência da Petrobras e frustra desejo de perfil mais político

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Michel Temer indicou nesta sexta-feira o engenheiro Ivan Monteiro como novo presidente-executivo da Petrobras, em substituição a Pedro Parente, contrariando expectativa de parlamentares governistas, que desejavam um perfil mais político para o posto.

Mais cedo, após o pedido de demissão de Parente, parlamentares e políticos de partidos governistas defenderam que o próximo presidente da estatal tivesse traquejo político e “sensibilidade política”.

Alguns deles, como os senadores Eduardo Braga (MDB-AM) e Maria do Carmo (DEM-SE), já haviam assinado requerimento de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) protocolado na noite da terça-feira no Senado para discutir, justamente, a política de preços adotada pela empresa.

Agora, diante do pedido de demissão de Pedro Parente, outros também sinalizaram disposição a debater a política de preços da estatal e manifestaram o desejo de um nome mais político.

Para o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), é preciso mais do que competência empresarial para comandar uma empresa como a estatal petroleira.

“O presidente de uma empresa monopolista como a Petrobras precisa reunir visão empresarial, sensibilidade social e responsabilidade política. A ANP deve ter participação mais ativa na formação dos preços dos combustíveis”, declarou o presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (MDB-CE), por meio do Twitter.

Na mesma linha, a líder do MDB e do bloco da Maioria no Senado, Simone Tebet (MS), avaliou que não faltaram “competência” e “credibilidade” a Parente, mas “sensibilidade política” para entender a conjuntura do país.

“Sobre o futuro da Petrobras, entendo que o sucessor precisa ser um gestor político! Que seja competente e experiente, mas, acima de tudo, político para entender que a Petrobras, embora tenha autonomia administrativa, é uma estatal que pertence ao povo brasileiro”, defendeu a senadora.

Até mesmo o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, partido que integrou a base, mas não apresenta uma ruptura drástica com o governo, posicionou-se favorável a uma política de preços diferente.

“O importante agora é não desperdiçar o trabalho de recuperação da Petrobras que Pedro Parente conduziu. E adotarmos uma política de preços de combustíveis que, preservando a empresa, proteja também os consumidores.”

Já o líder do DEM na Câmara, Rodrigo Garcia (SP), em outra frente, afirmou que a crise causada pela greve dos caminhoneiros teve o “lado bom” de trazer à tona o debate sobre o preço dos combustíveis.

“Este debate terá de ser enfrentado”, disse Garcia, que fez questão de elogiar Parente, “gestor responsável por recuperar a Petrobras da pior crise de sua história”. O líder do DEM considerou, no entanto, o pedido de demissão “inoportuno”.

Após a indicação de Monteiro para o posto, Garcia avaliou que a escolha “reafirma a independência da empresa e deixa claro que a Petrobras está blindada de interferência Política, o que é bom para Brasil”.

Ainda no fim da tarde, o líder do governo no Senado, Romero Jucá, disse que não haverá “mudança radical” na política de preços da estatal.

O senador disse ainda que a diretriz de recuperação da empresa será mantida e que governo não iria escolher um nome com perfil “político” para comandá-la.

“A linha traçada para a Petrobras pelo governo, de recuperação da estatal, vai continuar. O governo vai ter responsabilidade com a Petrobras. Temos que ajustar a conjuntura sem perder a política de recuperação da empresa”, disse.

Segundo Jucá, “o governo não vai tirar um técnico e colocar um político, não vai manipular o preço do combustível”.

A discussão sobre a política de preços deve ganhar força na próxima semana, com a expectativa de leitura do pedido de criação da CPI no Senado. A partir dessa leitura em plenário, começa a contagem regressiva, até a meia-noite do dia em que for lida, para que senadores possam retirar suas assinaturas do requerimento.

Para ser criada, a CPI precisa do apoio de pelo menos 27 senadores –29 assinaram o requerimento que pede uma investigação sobre a política de preços da estatal.

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