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Vale tem produção recorde de minério de ferro em 2017; vendas caem levemente

Por Marta Nogueira e Alexandra Alper

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A produção de minério de ferro da Vale atingiu um recorde no ano passado de 366,5 milhões de toneladas, alta de 5,1 por cento ante 2016, enquanto as vendas sofreram uma leve queda, diante da estratégia da empresa de elevar margens reduzindo a oferta de menor qualidade.

Em relatório publicado nesta sexta-feira, a mineradora pontuou que os números foram puxados pelo crescimento da produção do maior projeto de minério de ferro da Vale, o S11D, no Pará, e também por uma maior produção na planta Conceição I, no Sistema Sudeste.

Entretanto, a maior produtora global de minério de ferro revelou que as vendas da commodity em 2017 caíram 0,7 por cento ante 2016, para 291,329 milhões de toneladas, enquanto os volumes misturados (“blendagem”) em suas operações na Ásia cresceram.

“A linha da empresa parece permanecer solidamente atrás do mantra do “value over volume”, que a Vale abraçou nos últimos 12-18 meses”, disseram os analistas Paul Gait e Jonathan Absolon, do Bernstein, em relatório a clientes.

O relatório de produção antecede o relatório de desempenho financeiro referente ao quarto trimestre de 2017, previsto para 27 de fevereiro, após o fechamento dos mercados.

“Enquanto a Vale aumenta o foco na qualidade, esperamos que tenha um efeito positivo nos preços realizados no quatro trimestre”, disseram analistas do JP Morgan, em relatório a clientes.

DENTRO DO ESPERADO

Analistas de mercado classificaram os resultados apresentados pela empresa como fortes, destacando que vieram em linha com o esperado pela companhia, no limite inferior do guidance.

As ações operavam em baixa de 0,3 por cento, às 13:47, enquanto o Ibovespa operava praticamente estável.

A produção de 2017 havia sido estimada pela empresa entre 360 milhões e 380 milhões de toneladas, em meio à redução de minério de maior teor de sílica nos Sistemas Sul e Sudeste.

Para 2018, a empresa reafirmou a previsão de produção em torno de 390 milhões de toneladas, conforme anunciado no tradicional evento Vale Day, em Nova York, em dezembro.

O Sistema Norte teve produção recorde de 169,2 milhões de toneladas em 2017, alta de 14,2 por cento ante o ano anterior, devido ao crescimento da mina e planta de S11D.

“Saudamos os fortes dados de hoje”, afirmaram os analistas do Credit Suisse, em relatório a clientes.

A produção anual de pelotas da Vale também atingiu um recorde no ano passado, de 50,3 milhões de toneladas, alta de 8,8 por cento em relação a 2016, principalmente devido à maior produtividade e ao menor número de paradas programadas de manutenção.

Os projetos para a retomada das operações das plantas de pelotização estão sendo executados no prazo, segundo a Vale, com os inícios das plantas São Luís e Tubarão I esperados para o final do primeiro e terceiro trimestres deste ano, respectivamente. A planta Tubarão II já teve seu início de operações em janeiro de 2018.

EXPORTAÇÕES E VENDAS

Os embarques anuais de minério de ferro e pelotas do Brasil totalizaram 335,5 milhões de toneladas em 2017, 17,1 milhões de toneladas maiores do que em 2016, principalmente devido à maior produção no Sistema Norte.

Os volumes blendados na Ásia totalizaram 66,2 milhões de toneladas em 2017, 24,9 milhões de toneladas maiores do que em 2016.

Os volumes de venda de minério de ferro e pelotas, por sua vez, atingiram 343,1 milhões de toneladas em 2017, ficando praticamente em linha com os de 2016, “como resultado da forte disciplina na oferta da Vale e de sua estratégia de value over volume para maximizar margens reduzindo a oferta de material de baixo teor e alta sílica”, segundo a Vale.

TRIMESTRE

No quarto trimestre de 2017, algumas vendas foram deliberadamente postergadas para o primeiro trimestre de 2018, visando à otimização das margens, explicou a mineradora.

A produção de minério da Vale nos três últimos meses de 2017 atingiu 93,4 milhões de toneladas, alta de 1,1 por cento na comparação com o mesmo trimestre de 2016, devido ao aumento da produção do S11D, que mais do que compensou as reduções de produção de minério de alta sílica nos Sistemas Sul e Sudeste.

Em contrapartida, as vendas da commodity caíram 3,1 por cento no mesmo período, para 79,958 milhões de toneladas.

Analistas do JP Morgan afirmaram, em relatório a clientes, que o declínio nas vendas vem principalmente da decisão da empresa de preferir o “valor sobre o volume”.

“Em outras palavras, a Vale poderia ter vendido mais, mas optou por não fazê-lo. Isso foi feito para suportar os preços do minério de ferro, mas também para permitir que a Vale tenha mais material para o primeiro trimestre, quando a produção é geralmente menor devido às chuvas no Brasil”, afirmaram.

(Por Marta Nogueira e Alexandra Alper; Reportagem adicional de Paula Laier)

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