Quartos de dormir na realidade virtual e turismo do sono mostram que é preciso pensar nos impactos da exaustão
Vi recentemente algumas notícias sobre quartos de dormir em plataformas de realidade virtual e achei a ideia curiosa. Não passei pela experiência, mas fiquei intrigada com a proposta desses espaços.
Aparentemente, existem ambientes variados com trilhas sonoras diversas, de sons da natureza a músicas relaxantes — ou, até, o completo silêncio.
Lá, você pode pegar no sono com o “pé na areia” em meio a um cenário praiano, cochilar em uma colina com aquele som da madeira estalando na fogueira ou dormir profundamente em um quarto de hotel aconchegante. Tudo isso sem sair do lugar.
er um quarto de dormir, ainda que virtual, tem ajudado algumas pessoas a lidar com a dificuldade de desligar a mente.
Aquela sensação de deitar na cama, recostar a cabeça no travesseiro, mas sentir o cérebro a mil mesmo com todo o cansaço do dia. Sabe do que estou falando?
Provavelmente, sim.
Por que nosso sono anda ruim?
Ao longo do dia, somos tomados por uma rotina intensa.
- Reuniões,
- e-mails,
- discussões,
- alinhamentos,
- troca de mensagens…
Uma série de atividades que parecem não terminar nunca. E, mesmo quando terminam, a sensação é de que a nossa mente ainda está nelas.
Muitas vezes, interpretamos isso como um sinal de verdadeiro comprometimento. Somos pessoas tão engajadas com o trabalho que não tiramos ele da cabeça.
Porém, algo que me chamou a atenção nesses conteúdos sobre quartos de dormir em VR foi a questão do ambiente controlado.
Algumas pessoas com insônia relataram ter mais facilidade para pegar no sono nesses espaços por poderem moldar o ambiente de acordo com a necessidade e terem uma sensação de segurança.
Lá, nesse quarto feito sob medida, toda a realidade concreta fica de fora — e, com ela, ficam também as preocupações, ansiedades, listas de afazeres, ansiedades…
A questão aqui não é criticar a tecnologia. A realidade virtual tem um grande potencial e, se ela pode melhorar a qualidade do sono, por que não?
Recentemente, inclusive, escrevi sobre a importância de reservar momentos de descanso e ócio ao longo do ano.
Para mim, o ponto é: por que a interrupção tem se tornando tão difícil e, considerando especificamente a esfera do trabalho, o que isso representa para a nossa produtividade, o desempenho do nosso time, o resultado da empresa?
Qual é a relação entre sono e produtividade
Não é incomum escutarmos lideranças que se orgulham das suas poucas horas de sono, profissionais que acumulam anos de férias por simplesmente “não poderem” deixar o escritório e outros exemplos que seguem essa linha do “trabalhe enquanto eles dormem”. Porém, esse definitivamente não é o caminho do sucesso, por mais que se pregue o contrário.
Produtividade não é fazer sem parar, trabalhar sem intervalos. Nessa disputa, perdemos e feio para a tecnologia.
Na verdade, produtividade tem a ver com saber administrar suas funções e atividades com seus recursos: tempo disponível e competências desenvolvidas. E, lembre-se, você não irá render mais se a sua energia estiver esgotada.
Por isso, reflita como anda o seu ritmo e o da sua equipe. Se as pausas fazem parte da rotina, se as pessoas chegam descansadas ou aparentam um constante cansaço, se tem sempre muito trabalho para levar para casa — ou para o home office.
O descanso, não se engane, é um ativo muito valioso no mundo dos negócios. Tanto é que outra notícia que me chamou a atenção foi justamente sobre o boom do turismo do sono: hotéis pelo mundo que têm apostado na tecnologia para ajudar seus hóspedes a relaxar e a fazer uma higiene do sono.
Há quem diga que esta é uma das tendências de 2023 e que o turismo de bem-estar, do qual o turismo do sono faz parte, pode ultrapassar a marca de US$ 1 trilhão até 2024, o que significaria uma taxa de crescimento anual de 21%.
Ao que tudo indica, dormir, relaxar e espairecer são velhos hábitos dos quais nunca deveríamos ter aberto mão.
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Por Sofia Esteves
Publicado originalmente em: https://curt.link/LVipVXH