O nome de Frederick Law Olmsted, nosso CEO Improvável da semana, é desconhecido pela maioria das pessoas. Mas sua principal obra é reconhecida mundialmente: o Central Park de Nova York. Apesar de frequentado por muitos, a origem do parque nova-iorquino perdeu-se na memória popular. A ideia de construí-lo surgiu em meados do século 19 entre a elite da cidade, que convenceu a prefeitura a iniciar um programa de proliferação de áreas verdes na ilha de Manhattan.
O Central Park, além de oferecer um espaço de lazer para a população, resolvia uma questão para os endinheirados da cidade. Habitantes do chamado Upper East Side, os ricos conviviam com criadores de ovelhas, agricultores e moradores de favelas no quadrilátero incrustado entre as ruas 59 e 106 (depois, 110) e as avenidas Quinta e Oitava. Construir um parque nessa região, assim, removeria esses habitantes menos favorecidos e daria um caráter mais nobre àquela região.
É aqui que entra Olmsted. A prefeitura estabeleceu um concurso para escolher um projeto para o novo parque da cidade. Ele, junto com outro arquiteto famoso na época, Calvert Vaux, ganhou a disputa. Olmsted, então, passou a comandar a obra, que teve início pela remoção dos habitantes daquela região. Não foi fácil. Houve protestos entre os nova-iorquinos e alguns jornais chiaram com a destruição de áreas rurais no coração da metrópole. Curiosamente, ele havia sido criado numa fazenda em Staten Island e sabia que a atividade agropecuária não teria mais vez naquela que já era uma das maiores cidades do mundo.
Seu segundo desafio foi interferir duramente na topografia do terreno. Quando olhamos para Nova York, atualmente, vemos uma extensão de terreno relativamente plano. No entanto, o nome “Manhattan”, no idioma Algonquin, dos nativos locais, quer dizer “ilha com colinas”. Difícil de imaginar isso nos dias de hoje. Mas essas pequenas colinas existiam e eram bem presentes no terreno onde está hoje o Central Park.
Olmsted, então, tratou de aplainar o terreno, tirando várias montanhas de pedra. Algumas, pequenas, ficaram. Elas estão na porção sul do parque, perto da pista de patinação, que fica próxima ao Plaza Hotel. O resultado inspirou a prefeitura a fazer o mesmo ao longo da cidade, explodindo as diversas colinas de pedra que se espalhavam pela ilha (ao norte, perto do Bronx, ainda há algumas).
O sucesso do Central Park o credenciou para fazer criar áreas verdes de recreação em várias cidades americanas. Mas, antes de se dedicar plenamente à arquitetura, Frederick Olmsted estudou profundamente a cultura de algodão do Sul dos Estados Unidos e escreveu uma série de artigos na imprensa nova-iorquina sobre o que enxergara nessas propriedades rurais.
O arquiteto chegou à conclusão de que a escravidão, além da decadência ética que provocava em toda a sociedade, também era um entrave ao crescimento econômico. Ele escreveu: “Os cidadãos dos estados algodoeiros são pobres. Eles trabalham pouco e mal; ganham pouco e vendem pouco; por isso, compram quase nada e não têm posses, confortos comuns e pequenos luxos da vida civilizada. Eles são destituídos não apenas de coisas materiais, mas são pobres de intelecto e de moral. Não são generosos ou hospitaleiros. E, pela sua conversa, nem corajosos são”. Não é de se espantar, assim, que ele tenha se apresentado voluntariamente para o Exército do Norte na Guerra Civil americana.
A atuação de Olmsted foi também crucial para a preservação de parques nacionais como o Yosemite e Nigara Falls, numa época em que estes locais foram alvo de críticas do Congresso americano.
Por tudo isso, apesar de ter seu nome esquecido até pelos nova-iorquinos da gema, Olmsted é o CEO Improvável de Money Report nesta semana.