Eleito com uma agenda econômica liberal, Jair Bolsonaro deu total liberdade para Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, montar sua equipe e definir as diretrizes da área a partir de 1º de janeiro. A escolha de nomes como Joaquim Levy, que vai assumir a presidência do BNDES, animou o mercado, que vê o futuro governo comprometido com as reformas que o país necessita. O problema, contudo, reside no campo político, com os investidores temerosos quanto ao relacionamento da nova administração com o Congresso, que pode travar a pauta reformista. Apesar de o temor, três analistas de diferentes corretoras ouvidos por MONEY REPORT acreditam que o Ibovespa vai superar a marca dos 100 mil pontos em 2019. Confira abaixo as análises e os cenários traçados por cada um:
Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial
Projeção até o fim de 2019: 105 mil pontos
As empresas devem aumentar suas margens de lucro, muito em função do prolongamento da taxa de juros em níveis baixos, que diminui o serviço da dívida e dá mais margem de manobra para elas melhorarem o fluxo de caixa. Temos uma perspectiva de melhora na economia brasileira, acompanhada por um avanço no nível de preços. Em relação às reformas, acreditamos que serão aprovadas mudanças na Previdência, mas não todas sonhadas pelo mercado, e sim aquelas que podem passar no Congresso. Caso o novo governo opte por acelerar o processo e aprovar a reforma proposta por Temer, que já está em tramitação, o Ibovespa pode chegar até aos 123 mil pontos.
Glauco Legat, analista-chefe da Spinelli
Projeção até o fim de 2019: 114 mil pontos
Existe uma janela bastante favorável para uma recuperação gradual da economia. Temos uma ociosidade ampla na indústria, inflação baixa e estabilidade da taxa Selic, que pode permanecer em 6,5% até o fim do próximo ano. Os juros na mínima histórica diminuem os custos financeiros das empresas, abrem espaço para mais pessoas investirem em ativos de risco, como as ações das companhias listadas na Bolsa, e ajudam nas perspectivas de investimento com os empréstimos mais baratos. Apesar de trabalharmos com uma projeção conservadora para o PIB (crescimento de 2,2% em 2019), as empresas devem apresentar resultados positivos, como tem sido atualmente, mesmo com crescimento mais modesto. Nosso cenário prevê a aprovação da Reforma da Previdência, apesar de não sabermos ainda quais serão as mudanças propostas.
Rafael Passos, analista da Guide Investimentos
Projeção até o fim de 2019: 118.800 pontos
Nosso cenário base trabalha com a ideia de que as reformas, principalmente a previdenciária, vão avançar no Congresso. Com as taxas de juros na mínima histórica e o real desvalorizado, o Brasil é um país mais atrativo para os investidores. O que deve travar um pouco a Bolsa é o front externo, mais hostil, com as principais economias globais desacelerando em 2019. Se o cenário internacional surpreender e for mais positivo para os emergentes, o Ibovespa pode chegar até aos 126 mil pontos. Em uma projeção mais pessimista, com as reformas travadas e o exterior convivendo com mais turbulência, a Bolsa pode continuar no patamar atual, pouco abaixo dos 90 mil pontos.