O dólar entrou em 2018 cotado a R$ 3,27. No fim da manhã de quinta-feira (7), estava cotado a R$ 3,90. Nas casas de câmbio turismo, a moeda americana é vendida a R$ 4,13. O Banco Central tem atuado para conter a alta, vendendo dólar no mercado. A ação não está funcionando e não vai funcionar, segundo o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central. “A moeda americana não está subindo porque faltam dólares no mercado interno”, diz. “O preço atual do dólar reflete mudanças no cenário externo e o fato de o Brasil ter desafios fiscais importantes à frente, mas não estar fazendo nada a respeito. E ninguém sabe se o próximo presidente vai atacar o déficit fiscal.” Abaixo, a explicação sobre os principais motivos que têm provocado a alta do dólar:
Aumento do rendimento dos títulos públicos dos Estados Unidos
Títulos da dívida do governo americano são considerados o investimento mais seguro do mundo porque o risco de calote é considerado baixíssimo (ou inexistente). Em 2018, os juros nos Estados Unidos estão aumentando e devem aumentar ainda mais. Quando os juros sobem, aumenta o retorno pago pelos títulos americanos. Isso provoca aumento da busca por investidores, que precisam comprar dólares para adquirir os títulos. E aí funciona a regra mais básica da economia: quando aumenta a demanda por um produto, seu preço sobe. Esse motivo tem provocado a alta do dólar globalmente.
Descontrole fiscal
Para o Brasil crescer de forma sustentável, o governo precisa reduzir o déficit fiscal. Isso abrirá espaço para a manutenção de juros e inflação em patamares baixos, abre espaço para o governo poder investir (na construção de estradas e portos, por exemplo). O controle dessa situação depende da aprovação de reformas como a da Previdência. Até agora, porém, não há indicação alguma de melhora nesse campo. Isso provoca dúvidas nos investidores que ficam receosos em investir no Brasil, seja por meio da compra de títulos do governo, na aquisição de ações de empresas brasileiras listadas na bolsa ou na construção de uma fábrica no país.
Incerteza eleitoral
Até agora, os dois candidatos mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais são Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL). O primeiro quer se firmar como o candidato da esquerda e, para tal, adota postura “antimercado”, ao sinalizar contra a independência do Banco Central, descontrole de gastos e taxação de lucros e dividendos. O segundo também é uma incógnita. Não se sabe o grau de comprometimento de Bolsonaro com reformas para conter os gastos públicos. Nessa situação, o investidor precifica o país em relação ao mundo: e isso se reflete na desvalorização da moeda brasileira.