A penúltima semana de março começou bem para a bolsa brasileira, com o Ibovespa rondando os 100 mil pontos na segunda (18) e na terça-feira (19), em seu recorde histórico. Contudo, a situação começou a virar na quarta (20) após uma série de notícias negativas, com o índice caindo 1,55%. Depois de ter recuado 1,34% na quinta (21), a bolsa encerrou esta sexta (22) em baixa de 3,10%, aos 93.735 pontos, fazendo a semana acumular recuo de 5,45%.
A reversão de expectativas começou depois de o governo ter apresentado a proposta de reforma da Previdência para os militares, considerada branda pelo mercado. O texto causou ruído entre parlamentares aliados ao governo e deixou os investidores em alerta, com medo de a discussão contaminar a tramitação do projeto destinado aos civis. A sinalização do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos) na quarta, de manter os juros americanos no patamar atual até o fim do ano, por um lado foi positiva para os mercados emergentes, mas deixou os analistas atentos à possibilidade de uma desaceleração generalizada da economia global.
O cenário político também acabou se deteriorando, com a prisão do ex-presidente Michel Temer aumentando a tensão e tirando o foco do Congresso Nacional em torno da reforma. Além disso, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, entrou em confronto com Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, e ameaçou deixar a articulação a favor da reforma após ser criticado publicamente por Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro. “O mercado sabe que ele (Maia) é superimportante para o andamento da Nova Previdência”, afirma Filipe Villegas, analista da Genial Investimentos. “As principais notícias negativas para a bolsa brasileira acabaram eclodindo na mesma semana”. Nesta sexta, a divulgação de dados decepcionantes da economia alemã fez os principais índices europeus e americanos fecharem em queda, reforçando o temor de uma desaceleração mais forte no mundo e afetando negativamente o Ibovespa.
O dólar comercial disparou ao subir 2,69% – maior avanço da moeda americana desde o “Joesley Day”, no dia 18 de maio de 2017 – e fechar a sessão negociado por R$ 3,90. O dólar se valorizou 2,14% no acumulado da semana.
As cinco ações mais negociadas do dia fecharam em baixa:
Preferenciais da Petrobras (-5,46%), Vale (-1,65%), Banco do Brasil (-5,44%), Bradesco (-3,53%) e Itaú Unibanco (-2,95%).