Um acidente como o ocorrido em Brumadinho (MG) é, antes de tudo, uma tragédia humanitária. Segundo o Corpo de Bombeiros, há 200 pessoas desaparecidas. Além do impacto humanitário, um caso que envolve uma companhia de capital aberto, como a Vale, afeta milhares de investidores — alguns grandes controladores e muitos minoritários (pessoas físicas que investem na compra de ações de empresas como forma de poupança). Como a B3 está fechada por conta do feriado, só na segunda-feira os investidores poderão sentir o impacto na bolsa brasileira. A pergunta que muitos devem estar fazendo é: O que fazer quando o pregão abrir após o final de semana?
O educador financeiro André Bona, que participa do canal Educação Financeira, de MONEY REPORT, diz que o momento é de cautela. Ele não recomenda reações por impulso. “Num primeiro momento, as notícias são vagas e até desencontradas. O investidor precisa ter informações precisas para avaliar o impacto do acidente nos resultados da empresa.”
Mas é possível prever alguns prejuízos óbvios, como possíveis multas ambientais, os custos para reparar os danos do acidente e a importância da produção local para os resultados da empresa. Segundo relatório da Vale, o complexo onde a barragem se rompeu produziu, no terceiro trimestre do ano passado, 7,3 milhões de toneladas de minério de ferro. O montante corresponde a cerca de 7% da produção da Vale no período.
“Pode ser que, na segunda-feira, as ações da Vale abram o pregão com uma queda forte”, diz Bona. “Mas, se posteriormente for constatado que o impacto para os resultados da empresa será pequeno, os papeis poderão voltar a subir ainda no curto prazo.” Por outro lado, pode ser que o impacto seja relevante, o que será ruim para o desempenho do papel na bolsa. “Fato é que a Vale continuará operando, produzindo e vendendo”, diz Bona.
Então, o que fazer? Uma dica é buscar relatórios produzidos por bancos e casas de análises, que contam com profissionais especializados em fazer o “valuation” de empresas de capital aberto. “Eles podem responder com mais segurança a respeito do impacto da tragédia na empresa”, diz Bona.