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O CEO Improvável: Nilo Coelho

Uma só situação, dependendo do contexto, pode fincar o nome de uma pessoa na narrativa implacável da História. É o caso do nosso CEO Improvável da semana, o senador pernambucano Nilo Coelho, falecido em 1983.

Coelho, antes do governo militar, havia feito sua carreira no antigo Partido Social Democrático, a sigla que reunia moderados como Ulysses Guimarães, Eduardo Gomes, José Maria Alckmin e Juscelino Kubistchek. Apesar de não contar com os extremismos do PTB e da UDN, o PSD havia sido fundado por ex-interventores de Getúlio Vargas nos estados brasileiros. Trazia uma dose de autoritarismo em sua origem, que se perdeu ao passo que os mineiros JK e Alckmin passaram a dar as cartas na agremiação.

Por ser um político de direita, aderir aos militares após 1964 pareceu a Coelho ser a melhor alternativa. Fez parte do Bloco Parlamentar Revolucionário — que deu origem à Aliança Renovadora Nacional (Arena) — e foi nomeado governador de Pernambuco pelo então presidente Humberto Castello Branco. Foi pela Arena que conseguiu eleições sucessivas como deputado federal até chegar ao Senado em 1979. Quatro anos depois, assumiria a presidência da Câmara Alta e protagonizaria a cena que marcou sua vida.

Numa sessão legislativa em 1983, o Senado avaliava o decreto lei 2024, que alterava a política salarial vigente. Corria o tempo da inflação e qualquer interferência na correção dos salários poderia reduzir radicalmente o poder de compra dos cidadãos. A oposição ficou contra e angariou alguns votos do PDS – partido do governo e de Nilo Coelho –, conseguindo rejeitar a medida vinda do Palácio do Planalto.

O PDS, então, apresentou uma questão de ordem para zerar o jogo e tentar novamente a aprovação. O presidente do Senado não autorizou a manobra e os deputados governistas começaram a vaiar a mesa diretora.

Nilo Coelho, então, tomou a palavra e, com o rosto crispado pela emoção, disse: “Fui eleito pela unanimidade do Senado, por todos os partidos. Não sou presidente do Congresso do PDS; sou presidente do Congresso Nacional”.

Encerrou a sessão e, pela primeira vez desde 1964, um decreto-lei assinado pelo Poder Executivo seria rejeitado pelo Parlamento. A emoção, contudo, foi demais para ele. Neste mesmo dia, já deixou o Congresso passando mal. Teve um infarto dois dias depois e não resistiu.

É até hoje lembrado por este gesto, que representa para muitos um dos momentos altos do poder legislativo nacional.

Por sua trajetória e por este episódio em particular, seu nome batiza inúmeras ruas, estradas, escolas e outros locais. O aeroporto de sua cidade natal, Petrolina, por exemplo, ganhou seu epíteto em 1999, em projeto de lei apresentado pelo então deputado Cunha Bueno. Neste documento, Cunha Bueno recebeu o apoio de dez deputados, que co-assinaram a iniciativa. Entre eles, Geddel Vieira Lima, Roberto Jefferson, Aécio Neves e Valdemar da Costa Neto. Curiosamente, de um jeito ou de outro, esses quatro parlamentares foram acusados de corrupção nos últimos 15 anos. Ao contrário de Nilo Coelho, que em 36 anos de carreira política jamais foi denunciado por desvio ou malversação de verbas públicas.

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