No dia 13 de setembro, o dólar bateu seu recorde nominal (sem considerar os efeitos da inflação) e chegou ao maior patamar desde o Plano Real, encerrando o dia cotado em R$ 4,20. A desvalorização da moeda brasileira ocorreu em meio à corrida eleitoral, com o mercado assustado diante da possibilidade de vitória de um candidato contrário à pauta reformista. Conforme Jair Bolsonaro foi se consolidando como favorito, uma onda de euforia passou a tomar conta dos investidores. Resultado: dólar a R$ 3,65 na última sessão antes das eleições. Apesar de o capitão reformado ter confirmado a vitória, a moeda americana voltou a subir a partir de novembro e hoje ronda os R$ 3,90. Na opinião de analistas ouvidos por MONEY REPORT, o dólar dificilmente vai retornar ao nível verificado antes do segundo turno. Confira a seguir:
Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria
Projeção para o dólar no fim de 2019: R$ 3,75
Acreditamos que a percepção de risco vai aumentar no próximo ano, mas não vai sair do controle. As principais economias globais devem sofrer uma desaceleração moderada e o Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos), tende a subir os juros americanos mais algumas vezes, dentro do que já está sendo desenhado pelo mercado. A aprovação de reformas e a implementação gradual de uma agenda econômica mais positiva pode reverter esse quadro e apreciar um pouco a nossa moeda. Como resultado, o dólar sai dos atuais R$3,90 para o patamar de R$ 3,75.
Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados
Projeção para o dólar no fim de 2019: R$ 3,80
Dois elementos devem pressionar o câmbio. No primeiro semestre, o foco vai estar sobre a Reforma da Previdência, com todas as incertezas em torno aprovação. Esse cenário de dúvida deve manter a cotação do dólar por volta de R$ 3,80 durante um tempo. No final do ano, a situação dos Estados Unidos pode se deteriorar, com os americanos vivendo um risco real de passar por uma nova recessão. Uma crise mundial iria pressionar o real, mas a aprovação da reforma previdenciária nos primeiros seis meses poderia neutralizar os efeitos negativos do mercado externo, mantendo o dólar negociado a R$ 3,80.
Bruno Lavieri, economista da 4E Consultoria
Projeção para o dólar no fim de 2019: R$ 4,20
Vejo o mercado muito otimista em relação à chance de termos uma Reforma da Previdência consistente, subestimando as dificuldades em aprová-la no Congresso. Quando os obstáculos à agenda reformista se impuserem, vai ocorrer uma frustração geral, puxando o dólar para cima. Essa depreciação do real aconteceria principalmente por fatores domésticos. Não vejo grandes chances de acontecer uma desaceleração muito forte da economia global. Como o Brasil ainda é um país muito fechado ao comércio externo, pequenos imprevistos lá fora dificilmente nos impactariam de forma relevante.