Especialistas concordam em um ponto: o momento de se organizar é agora. Veja as dicas
A iminente Reforma Tributária brasileira promete transformar profundamente o sistema fiscal do país. Porém, essa transição não será simples e exigirá uma adaptação cuidadosa por parte das empresas, que precisarão lidar com desafios operacionais, financeiros e regulatórios. Independente do porte, o impacto da reforma afetará todos os setores econômicos e exigirá atenção redobrada das organizações para que não paguem nada além do exigido pela lei.
De acordo com especialistas como Gustavo Corrêa, diretor de tributação da Becomex, e José Guilherme Sabino, CEO do Grupo Assertif, empresas com atuação no segmento tributário e fiscal, uma abordagem estratégica será fundamental para enfrentar as incertezas do processo e aproveitar as oportunidades que a reforma poderá proporcionar.
Impactos e desafios da reforma
Corrêa aponta que empresas exportadoras e importadoras terão desafios ainda maiores, especialmente em relação ao fluxo de caixa e à regulamentação aduaneira. “A transição exigirá ajustes fiscais e operacionais que impactam diretamente os fluxos financeiros. Antecipar esses impactos é essencial para a saúde financeira das empresas e para garantir uma transição mais suave”, afirma Corrêa.
Sabino destaca que, durante o período de transição, as empresas precisarão operar simultaneamente sob dois sistemas tributários. Isso representará um grande desafio operacional, pois será necessário integrar as duas estruturas. “Essa dupla operação exigirá softwares atualizados, equipes capacitadas e, muitas vezes, o apoio de consultorias especializadas. Não é algo que as empresas possam improvisar, exige planejamento”, adverte Sabino.
Outro ponto crítico será a introdução do mecanismo de split payment, que obriga as empresas a realizarem o pagamento do imposto no momento da venda, o que afeta diretamente os fluxos financeiros e pode pressionar o caixa. “O split payment forçará as empresas a reorganizarem seus processos financeiros, o que demanda um planejamento estratégico cuidadoso para evitar desequilíbrios de fluxo de caixa”, complementa Sabino.
Estratégias para uma transição suave
1. Planejamento estratégico
Corrêa e Sabino são unânimes ao afirmar que as empresas devem agir com proatividade. Ter um plano bem estruturado é o primeiro passo para minimizar os riscos e aproveitar as oportunidades geradas pela reforma. “Com um bom planejamento, as empresas podem não só se proteger dos impactos negativos, mas também identificar novas oportunidades. Avaliar fornecedores, operações e tecnologias deve ser prioridade no curto prazo”, afirma Sabino.
2. Fortalecimento da governança fiscal
A governança fiscal será outro pilar fundamental para o sucesso durante a transição. Corrêa alerta que, para evitar complicações futuras, as empresas precisarão adotar um controle fiscal rigoroso, principalmente no que diz respeito ao acúmulo de créditos tributários de difícil aproveitamento a curto prazo.
3. Investimento em tecnologia e capacitação
Enquanto a tecnologia será fundamental para a adaptação ao novo sistema tributário, Sabino destaca que o fator humano continua sendo um dos aspectos centrais do processo de transformação. “A verdadeira solução reside nas equipes capacitadas. O foco deve ser na formação de profissionais qualificados, que compreendam as nuances de cada negócio e possam adaptar as operações fiscais rapidamente”, afirma Sabino.
Além disso, Corrêa reforça a necessidade de investir no treinamento das equipes para garantir que todas as obrigações fiscais sejam atendidas corretamente, evitando surpresas no futuro.
Oportunidades no longo prazo
Apesar dos desafios, especialistas estão otimistas quanto às oportunidades que a reforma pode trazer. Sabino faz uma analogia com o impacto do Plano Real na década de 1990, quando a estabilização da economia brasileira possibilitou novos horizontes para o país.
“Assim como o Plano Real trouxe estabilidade econômica, acreditamos que a reforma tributária trará estabilidade fiscal, o que pode fomentar a competitividade e atrair investimentos para o Brasil. A simplificação do sistema tributário será uma vantagem”, afirma Sabino.
O setor agropecuário, por exemplo, deve se beneficiar diretamente das mudanças, especialmente com a simplificação das regras fiscais para exportações. “A reforma pode abrir novas portas para o agronegócio, impulsionando suas exportações e atraindo mais investidores para o setor”, prevê Sabino.
A hora de agir
Embora a transição para o novo sistema tributário represente um desafio considerável, ela também oferece uma chance única para as empresas se reestruturarem e se prepararem para o futuro. As empresas que se anteciparem ao processo de adaptação estarão em posição mais vantajosa quando a reforma for implementada.
“Aqueles que começarem sua preparação agora estarão à frente da concorrência. Uma transição planejada e estratégica pode garantir não só a conformidade fiscal, mas também resultados mais sólidos no longo prazo”, conclui Sabino.
À medida que a reforma tributária se aproxima, é claro que a ação imediata não é apenas necessária, mas estratégica para o sucesso das empresas no novo cenário tributário brasileiro.