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Agenda climática pode atrair US$ 100 bi para o agro

Iniciativas sustentáveis têm potencial para reduzir mais 1.800 Mton de CO₂e até 2030

O agronegócio é um dos segmentos de maior dinamismo da economia brasileira, contribuindo com até 10% da cadeia global de alimentos, e também apresenta enorme potencial para a redução de emissões de gases de efeito estufa, de acordo com o estudo Boston Consulting Group, divulgado nesta segunda-feira (26). Segundo o levantamento, para viabilizar as áreas prioritárias de uma agenda positiva de redução de emissões, deverão ser investidos US$ 100 bilhões em agricultura sustentável, bioenergia e soluções baseadas na natureza até 2030.

“O investimento na agenda de baixo carbono no setor, que atualmente responde por 20% das emissões nacionais, será uma oportunidade para que o agronegócio seja protagonista na agenda da transição climática. A indústria tem pela frente o desafio de buscar um posicionamento relevante no aspecto climático não somente para o Brasil, mas para o mundo como um todo. A articulação da cadeia produtiva certamente viabilizará a materialização dessas oportunidades”, afirmou o diretor executivo e sócio do BCG, Arthur Ramos.

De acordo com o BCG, as iniciativas de agricultura sustentável – métodos que utilizam processos naturais para produzir melhores colheitas e capturar carbono – podem envolver investimentos para o maior uso de plantio direto, sistemas de irrigação eficientes, na recuperação de pastagens degradadas e na mudança da infraestrutura de transporte de produtos agrícolas. Essa transformação da forma de se trabalhar no campo deve gerar reduções de emissões de gases em mais de 200 Mton de COe carbono equivalente até 2030, desde que a demanda de US$ 75 bilhões de investimentos seja suprida. Embora já adotadas no Brasil, ainda há muito espaço para o agronegócio avançar no uso dessas técnicas mais inovadoras.

Outra frente que pode ser explorada é o aproveitamento e o fomento de soluções baseadas na natureza (NBS), para mudanças de comportamento no campo. O Brasil é o principal país em potencial de mitigação de emissões nessa frente, podendo mitigar até 1.500 Mton de COe até 2030 a partir da expansão destas soluções, alavancando todo o potencial de suas florestas.

A bioenergia é o terceiro pilar que receberá a atenção dos investidores nos próximos anos. O Brasil já é uma referência mundial na geração de energia limpa: em 2023, por exemplo, 42% da matriz energética será formada por fontes renováveis, e existem alguns programas nacionais de incentivo à produção a partir de fontes de baixo impacto, como RenovaBio, Metano Zero e Combustível do Futuro. “Já é esperado que até 2040 cerca de metade da matriz energética do Brasil seja advinda da biomassa, cuja fonte produtiva é a agricultura. E esse é um diferencial enorme comparado ao resto do mundo. O que vemos na média global é que a fatia de combustíveis fósseis na matriz ainda será de mais de 60% no mesmo ano, apesar de todos os esforços globais para redução de emissões. Essa é uma oportunidade para o Brasil não só atuar localmente, mas contribuir globalmente com outros mercados no seu processo de descarbonização através da bioenergia”, afirmou o executivo.

A análise do BCG conclui que as diferentes alavancas relacionadas a agricultura sustentável, NBS e bioenergia podem levar a redução total de até 1.800 Mton de COe até 2030. O volume equivale ao total de emissões reportadas pelo Brasil em 2021 em mudanças do uso da terra e agricultura (que representam cerca de 80% do total de emissões do país). A agenda climática abre novas rotas de crescimento para o agronegócio brasileiro, além de auxiliar na preparação para mudanças regulatórias relevantes, como aquelas em discussão na União Europeia (UE).

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