A Anfavea divulgou nesta terça-feira (8) que a produção de veículos em maio cresceu 1% em relação a abril. No total, foram produzidas 192,8 mil unidades no mês entre carros, caminhões e ônibus. Em nota, a entidade do setor automotivo destacou que o nível de produção tem ficado entre 190 mil e 200 mil desde janeiro, indicando uma espécie de “teto técnico” provocado não pela falta de demanda, mas pela crise global de fornecimento de semicondutores. A escassez do insumo virou um importante obstáculo para uma retomada ao patamar pré-pandemia, na faixa entre 240 mil e 250 mil unidades.
“Esse problema, que deve se alongar até os primeiros meses de 2022, é o responsável pelas paralisações temporárias de parte de nossas fábricas, algumas por períodos curtos, outras mais longos”, observou Carlos Moraes, presidente da entidade. O dirigente destacou que a questão atinge vários setores industriais, mas prejudica o automotivo em especial, já que um único veículo pode ter até 600 semicondutores em seus sistemas eletrônicos de motorização, câmbio, segurança, conforto, entretenimento, entre outros.
Na avaliação de Moraes, a crise dos semicondutores, com produção quase toda concentrada na Ásia, é reveladora de um desafio que precisa ser enfrentado pelo Brasil como uma nação com visão de futuro. “Estados Unidos e países da Europa captaram o sinal de alerta e já estão desenvolvendo políticas industriais no sentido de produzir localmente esses componentes eletrônicos, que são a base de toda a revolução tecnológica do 5G, internet das coisas, automação e outras já em curso”, afirmou.
“O setor automotivo e outras indústrias dependem cada vez mais desses insumos para dar um passo além em termos tecnológicos, atraindo para o país investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e na esteira disso gerando conhecimento técnico, acadêmico e empregos de altíssima qualidade. Já estamos atrasados, o que exige urgência e grande visão de futuro por parte dos nossos dirigentes”, completou.