A melhora da atividade econômica e o crescimento da população ocupada não foram suficientes para reduzir o impacto provocado pela pandemia no mercado de trabalho, que segue com alto desemprego, subocupação e desalento. A avaliação faz parte da análise do desempenho e perspectivas para 2021 apresentado nesta segunda-feira (28), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), em março, o estudo mostra que a taxa de desocupação ficou em 15,1%, o que representa 2,3 pontos percentuais acima do resultado do mesmo período do ano anterior, no início da pandemia. O crescimento do contingente de desalentados também indica que o mercado de trabalho não se recuperou. Nos últimos 12 meses, pessoas com idade para trabalhar que estavam fora da força de trabalho por causa do desalento avançou de 4,8 milhões para quase 6 milhões, uma alta de 25%.
A pesquisadora do Grupo de Conjuntura do Ipea e coordenadora do estudo, Maria Andréia Lameiras, explicou que os níveis de desemprego ainda estão ruins porque mais gente está a procura de emprego, o que não ocorria no início da pandemia. Isso se deve aos sinais de melhora da economia no primeiro trimestre deste 2021, o avanço da vacinação e o menor valor do auxílio emergencial.
Informalidade
O contingente de trabalhadores sem carteira assinada e atuando por conta própria registraram recuos menos expressivos no primeiro trimestre de 2021, com retrações de 12,1% e de 1,3% respectivamente, frente ao trimestre móvel encerrado em agosto de 2020, quando os recuos foram de 25,8% e de 11,6%, respectivamente.
Mais atingidos
A análise mostrou ainda que, no primeiro tri desse ano, se comparado ao mesmo período de 2020, a taxa de desocupação foi maior para as mulheres (17,9%) do que para os homens (12,2%). Além disso, os mais jovens seguem mais prejudicados, com taxa de desocupação de 31%; enquanto o desemprego dos mais velhos é menor (5,7%). Na escolaridade, os trabalhadores com ensino médio incompleto e completo foram os mais impactados, com taxas de desocupação que avançaram de 20,4% e 14,4%, respectivamente, para 24,4% e 17,2% entre 2020 e 2021. Os trabalhadores com menor taxa de desemprego foram os que possuem ensino superior (10,4%).
Nas regiões, a alta do desemprego foi generalizada. Com exceção de Roraima e do Amapá, todas as unidades da federação registraram aumento da desocupação este ano. As maiores taxas ficaram com Pernambuco (21,3%), Bahia (21,3%), Sergipe (20,9%), Alagoas (20%) e Rio de Janeiro (19,4%).
(Com Agência Brasil)