A Marinha do Brasil autorizou, em caráter experimental, a navegação de navios com calado de 11,9 metros de profundidade no canal Grande do Curuá, no Braço Norte da foz do Rio Amazonas. Principal acesso aos portos fluviais do Norte, como Manaus, Vila do Conde, Miritituba e Santarém, a via é uma depressão natural que se estende do mar aberto passando entre a divisa do Amapá e as ilhas que cercam Marajó, no Pará. O local recebe a maior descarga fluvial do mundo e exige o auxílio constante de práticos, pilotos locais que conhecem o caminho e o comportamento das correntes a qualquer maré.
Se o novo balizamento e medições se mostrarem eficientes, embarcações ainda maiores poderão entrar no Amazonas. A navegação acontecerá de forma programada e crescente: duas passagens com calado de 11,75 metros; duas de 11,8 metros; cinco de 11,85 metros e cinco de 11,9 metros. Após essas 14 operações, a Marinha avaliará o aumento definitivo de calado.
O acréscimo de 20 centímetros, de 11,7 para 11,9 metros, é defendido pela Associação de Terminais Portuários Privados (ATP). Essa diferença representará centenas de milhares de toneladas a mais de mercadorias exportadas ao ano, aumentando a competitividade, principalmente dos produtores agrícolas do Cerrado, que poderão desviar o escoamento de parte de suas safras para o norte. Para o setor portuário, quanto maior a carga nos navios, menores são os custos operacionais e o tempo de espera e manuseio. Ou seja, mais faturamento.
A ação pretende reduzir o custo Brasil. A região da Barra Norte registra aumento anual do volume transportado, impulsionado pelos recordes na produção de soja e milho.
Pouco conhecido dos brasileiros das demais regiões, o canal Grande do Curuá é um desafio. Na frente da Ponta do Céu, na ilha de Bailique, no Amapá, a passagem se afunila para menos de dois quilômetros, espremida entre bancos de areia e baixios de lama que mudam de lugar.