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Balança comercial teve queda no saldo, mas superávit é mantido

Indicador de comércio mostra acumulado US$ 51,3 bilhões até outubro, com menor crescimento das exportações (19%)

O superávit da balança comercial em outubro foi de US$ 3,9 bilhões, levando a um saldo de US$ 51,3 bilhões no acumulado do ano até o mês referido. Nesse mesmo período no ano de 2021, o saldo foi de US$ 58,5 bilhões. A piora no saldo acumulado se deve a um menor crescimento das exportações em valor (19,0%), em comparação com as importações (29,3%), entre janeiro-outubro de 2021 e igual período de 2022. O Indicador de Comércio Exterior (Icomex) foi divulgado nesta segunda-feira (21) pela Fundação Getúlio Vargas Instituto Brasileiro de Pesquisas Econômicas (FGV IBRE).

Na comparação interanual do mês de outubro entre 2021 e 2022, as exportações cresceram em valor 20,8%, com aumento no volume de 13,5% e nos preços de 5,9%, repetindo o comportamento similar ao de setembro. Ao longo do ano, porém, a variação dos preços superou a do volume e na comparação do acumulado do ano até outubro, os preços subiram 15,1% e o volume, 3,1%. O aumento das importações, na base mensal, foi de 13,8%, com variação positiva de 8,8% nos preços e 4,4% no volume. Na comparação do acumulado do ano, o volume cresceu 3,8% e os preços, 24,5%. A tendência no ritmo de crescimento dos preços exportados e, em menor grau, dos importados, estaria, portanto, desacelerando. No entanto, o volume exportado aponta tendência de alta e o dos importados, queda, no mês de outubro.

A dinâmica da variação dos índices de preços de exportações foi similar para as commodities (15,3%) e para as não commodities (15,2 %), na comparação do acumulado do ano até outubro entre 2021 e 2022. Em termos de volume, as exportações de commodities avançaram 1,3% e as não commodities, 6,6%. O dinamismo das commodities no ano, portanto, está associado principalmente ao choque positivo dos preços das commodities.

Na comparação interanual mensal, a variação dos preços e dos volumes das commodities superou o das não commodities. Observa-se que a variação no volume exportado das não commodities foi superior ao das commodities entre março e agosto, e, a partir de setembro, o resultado se inverteu. Destaca-se a contribuição das vendas de milho, variação em valor de 440% e em volume de 300%. O milho foi o segundo principal produto exportado pelo setor de agropecuária, com uma participação na pauta de 33%, após a soja em grão, com participação de 44%.

Os preços das importações de commodities desaceleraram em relação à variação entre setembro de 2021/2022, que foi de 44,2% passando para 29,6%, a menor na série interanual mensal entre 2021 e 2022. É ainda uma variação elevada de 2 dígitos e, na comparação do acumulado do ano, a variação foi de 56,6%. O volume importado também desacelerou em relação à variação observada entre setembro 2021/2002 (53,5%) e passou para 22,9%. No acumulado do ano até outubro, a variação foi de 10,2%, pois entre abril e julho, as compras de commodities caíram em relação aos meses do ano anterior.

A variação interanual mensal nos preços das não commodities registra tendência de queda, desde julho, e no mês de outubro foi de 6,1%. As variações nos preços e nos volumes importados das não commodities, seja na comparação mensal ou no acumulado do ano, foram inferiores às das commodities, ao longo do ano. Assim, mesmo que as commodities expliquem cerca de 11% das importações totais, o aumento nos seus preços contribuiu para que o crescimento nos preços das importações totais superasse o das exportações.

O saldo comercial das commodities melhorou entre o acumulado do ano até outubro de 2021 e 2022, passando de US$ 148,2 bilhões para US$ 165,1 bilhões. Por outro lado, o déficit das não commodities aumentou de US$ 89,7 bilhões para US$ 113,7 bilhões. Foi essa última piora, portanto, que explica o menor saldo até outubro da balança comercial em 2022, em relação à 2021. O choque de aumento nos preços das commodities beneficiou esse grupo e o choque no aumento de preços nas importações de não commodities contribuiu para a piora do déficit desse grupo.

Índices de preços e volume por tipo de indústria

O saldo comercial do setor de agropecuária melhorou e passou de US$ 41,5 bilhões para US$ 58,1 bilhões, na comparação entre os acumulados do ano até outubro de 2021 e 2022. A melhora no saldo está associada, principalmente, ao aumento nos preços (36,1%), pois o aumento no volume foi de 1,0%. No mês de outubro, porém, a variação do volume superou o dos preços. Como já antes mencionado, chamou atenção o aumento em volume de 300% das exportações de milho, beneficiadas pelas restrições de oferta de grãos da Ucrânia e da Rússia.

Os volumes importados da agropecuária recuaram na comparação mensal e no acumulado do ano até outubro e o aumento de preços das importações foi inferior ao das exportações. O menor volume importado do que exportado e o maior aumento nos preços de exportações do que o das importações explicam a melhora do superávit do setor de agropecuária.

O superávit da indústria extrativa recuou de US$ 56,5 bilhões para US$ 35,5 bilhões. A principal contribuição para essa piora foi a redução no superávit da extração de minerais metálicos, de US$ 41,9 bilhões para US$ 26,9 bilhões. A extração de petróleo e gás natural melhorou o superávit de US$ 19,3 bilhões para US$ 21,1 bilhões, mas não compensou as perdas da atividade de extração de minerais metálicos. Preços e volume exportados do setor recuaram na comparação mensal e no acumulado do ano até outubro entre 2021 e 2022.

O aumento nos preços de importações da indústria extrativa e queda nos preços exportados, junto com a redução do volume exportado e o aumento do importado, explicam a queda do superávit da indústria extrativa. Destaca-se o aumento nos preços de importações da indústria extrativa, 31,3%, na comparação mensal, e 98,9%, no acumulado do ano. O setor de extração de petróleo e gás respondeu por 65% das compras da indústria extrativa, sendo o aumento do preço médio US$/tonelada de 54,6% para o petróleo bruto e de 89,1% para o gás liquefeito.

Na indústria de transformação, o déficit passou de US$ 37,4 bilhões para US$ 41,2 bilhões, no acumulado do ano até outubro, com variações positivas no volume e preços exportados, assim como nos índices de importações.

Para a indústria, aumentaram as importações em volume dos bens de capital (23,6%) e dos bens intermediários (9,7%), no mês de outubro. A variação nas compras de bens de capital foram menores para a agropecuária, 2,4%, e foi registrado um recuo de 45,6% nas compras de bens intermediários. Nesse último caso, o resultado está associado à retração nas compras de fertilizantes em 22%. Observa-se, porém, que, no ano, as compras desse produto aumentaram 97%, em valor. A variação nos índices de preços dos bens intermediários do setor de agropecuária foi de 38,1%, na base mensal, e de 101,3%, na base interanual do acumulado do ano até outubro.

Os índices de volume mostram que, no ano até outubro, o setor da agropecuária investiu relativamente mais do que a indústria nas compras de bens de capital. A rentabilidade obtida com a melhora nos preços exportados e perspectivas de boas safras para o ano de 2023 explicariam o aumento dessas compras.

O comércio com os principais parceiros

A geração dos saldos superavitários da balança comercial continua a depender do mercado asiático e, em especial, da China. Do saldo de US$ 39 bilhões com a Ásia, a China contribui com US$ 25,4 bilhões, no acumulado do ano até outubro de 2022. O restante, de US$ 13,6 bilhões, com os demais países asiáticos, tem sido superior ao saldo com a América do Sul (US$ 11,7 bilhões) e com a União Europeia (US$ 6,3 bilhões), ao longo do ano. Os Estados Unidos, que são o segundo principal parceiro comercial do Brasil, explicam o déficit com a América do Norte. O saldo com os Estados Unidos foi negativo em US$ 12,8 bilhões. O segundo maior déficit por regiões/blocos foi com a União Econômica Euroasiática (Rússia, Bielorrússia, Cazaquistão, Armênia e Quirguistão), onde a Rússia contribui com um déficit de US$ 5,1 bilhões, o segundo maior déficit bilateral do Brasil, após os Estados Unidos.

A variação no volume exportado e importado por principais mercados entre o acumulado do ano até outubro de 2021 e 2022. Para o principal parceiro do Brasil, as exportações recuaram em 8,9% e para os Demais países da Ásia, as vendas aumentaram em 1,5%. Ressalta-se, porém, que, após uma sequência de quedas no volume exportado para a China, em outubro, as exportações aumentaram em 16%,  em relação a igual mês de 2021.

Em relação aos outros mercados, houve aumento no volume exportado. Destacam-se a Argentina (14,4%), seguida de Demais da América do Sul (11,5%), União Europeia (14,3%) e Estados Unidos (4,0%). É interessante ressaltar que, mesmo na presença da crise argentina, as exportações ainda não estagnaram. Entre outubro de 2021 e 2022, as exportações cresceram em valor 35% e, em volume, 14%. As importações recuaram 4% e,  em volume, 12,7%. Entre os 10 principais produtos exportados para a Argentina, 31% são veículos e autopeças. Entre os 10 principais produtos importados, 45% são veículos e autopeças e cresceram 54,3%. O comércio intrafirma se mantém, mesmo na presença de restrições cambiais.

Nas importações, as maiores variações no volume importado foram para a China (14,1%) e para os demais países da Ásia (39,1%). Em seguida, as maiores variações em ordem decrescente foram para a União Europeia, Estados Unidos e Argentina. Para os Demais países da América do Sul, o volume importado recuou 4,3%.

Um retrato do comércio exterior da indústria de transformação

Na edição de outubro do Icomex, apresentamos uma análise sobre os índices de preços das exportações e importações pela CNAE 2.0. Não há mudanças a serem ressaltadas, apresentamos aqui a atualização da tabela e acrescentamos uma segunda tabela com a comparação mensal. Nesse último caso, ressalta-se a variação do índice de volume exportado na fabricação de veículos automotores e outros em 69,9%, o que confirma a relevância do setor na pauta da indústria de transformação e, associado às vendas, para países da América do Sul. 

(FGV)

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