Caixeiro aos nove anos, dono do próprio negócio aos vinte, primeiro grande industrial do país e homem que salvou o Banco do Brasil. Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá (1813 – 1889), foi por um longo período o mais influente empresário e empreendedor brasileiro – a despeito da oposição que sofria da elite cafeeira e do imperador D. Pedro II.
Ao longo da vida, Mauá sofreu com interesses de grandes plantadores de café e de políticos reacionários que atuavam para manter o Brasil como um produtor de commodities baseado no trabalho escravo. Seu sonho era modernizar o país como Andrew Carnegie e John Rockefeller, seus contemporâneos e inspiradores, fizeram nos Estados Unidos.
Mauá atuou em várias frentes. Como industriário, criou a tecnologia da luz a gás para o país, construiu a primeira estrada de ferro, ligando o Porto de Mauá a Fragoso, no Rio de Janeiro, e fundou um estaleiro. Como banqueiro, saneou o Banco do Brasil, quebrado por D. João VI, quando ele foi embora do país com a Família Real, em 1821.
Em todos os empreendimentos, teve que ceder às pressões feitas por D. Pedro II, que defendia os interesses próprios, como no financiamento à Guerra do Paraguai – Mauá chegou a emprestar recursos a fundo perdido para sustentar os esforços de guerra.
Liberal convicto, Mauá faliu com tanta interferência estatal. “O melhor programa econômico de governo é não atrapalhar aqueles que produzem, poupam, investem, empregam, trabalham e consomem”, disse, numa frase que pode ser entendida como uma síntese do liberalismo econômico.