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Bebendo muito na quarentena? Você não é o único

Ainda não se sabe muito sobre o legado da pandemia e como será a nossa vida depois do coronavírus. Mas há duas preocupações que começam a rondar corações e mentes. A primeira é como lidar com a crise social que vem por aí, com a recessão que provocará desemprego e fome. Para combater esse problema, muitas iniciativas solidárias estão levando alimentação e produtos de limpeza à população carente. Mas o pior, em tese, poderá vir mais à frente, conforme a massa de desempregados aumentar em função da inevitável queda na atividade econômica.

A segunda, circunscrita às classes mais favorecidas, diz respeito ao comportamento das pessoas nesses primeiros dias de isolamento social – muitos vão precisar de uma dieta rigorosa e de um controle rígido em relação ao consumo de álcool. Nos Estados Unidos, só na semana de 21 de março, o consumo de bebidas alcoólicas cresceu 55 % em relação ao mesmo período de 2019. E a venda online destes produtos? Houve uma alta de 243%.

Se a classe média está bebendo muito, tudo indica que a comilança também anda solta. Ainda não há números disponíveis, mas muitos se queixam que estar em contato direto com a dispensa é um convite eterno ao que os americanos chamam de “overeating”. Some-se a isso dois fatores: a páscoa, que elevou a oferta de guloseimas dentro dos lares, e a ansiedade provocada pela pandemia.

Voltando ao álcool. Ontem à noite, falava com um amigo, CEO de multinacional. Em plena noite de segunda-feira, ele estava degustando uma latinha de cerveja. Esse mesmo amigo também me relatou que conversava com um cliente às 11 horas da manhã e ouviu um estampido seco. Perguntou o que havia sido aquele barulho. Resposta: era uma rolha. O tal cliente estava abrindo uma garrafa de vinho branco. Às 11 horas. De uma segunda-feira.

Exemplos iguais a esse se avolumam. No final de semana, fiz uma Happy Hour virtual com uma turma muito querida – cerca de dez marmanjos. Perguntei quantos estavam bebendo todos os dias. Todos – todos – confessaram que tomaram pelo menos uma dose de uísque, uma taça de vinho ou uma garrafa de cerveja diariamente. No mínimo.

O consumo de álcool pode ser um problema sério se o isolamento social durar muito. E, quando generalizado, usualmente está vinculado a algum a algum trauma passado pela sociedade. Tome-se a Primeira Guerra Mundial. Os Estados Unidos entraram no conflito em seu último ano, levando aviões, tanques e soldados à Europa. De volta ao país, após a derrota da Alemanha, os ex-soldados bebiam muito. E convidavam seus amigos a entrar na porranca.

O alcoolismo acabou virando uma doença nacional. Estima-se que um americano médio chegou a consumir, nesta época, quase duas garrafas de bebida destilada por semana – uma quantidade inimaginável para os dias de hoje. Não é à toa que a reação das autoridades foi promulgar a Lei Seca. Ocorre que a proibição de beber álcool jogou o país num torvelinho de corrupção e desobediência civil durante treze anos. Em 1933, finalmente, o governo liberou o álcool para consumo público. O resultado? A venda de destilados e fermentados, mesmo permitida, caiu.

Evidentemente, não se espera o um fenômeno tão radical com a quarentena. Mas o exagero alcoólico já é algo que já se faz perceber na sociedade. Portanto, vamos com calma. As discussões em torno do tipo de isolamento que devemos adotar (vertical ou total?) já causam brigas homéricas com os dois lados sem a interferência alcoólica. Vamos imaginar o potencial explosivo de uma contenda com os dois debatedores turbinados pela cachaça ou qualquer outro destilado. Convenhamos: o final não será dos melhores. Assim, vamos pensar duas vezes antes de pisar na jaca. O momento pede sobriedade – no sentido amplo da palavra.

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