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Brasil voltou ao top 10 – uma boa-nova que chega tarde

PIB de 1% no 1º tri deve virar voo de galinha por causa da guerra e da insatisfação com o governo

Há quem comemore, mas não é bem assim. A volta do Brasil ao top 10 das economias globais, com um produto interno bruto (PIB) nominal de US$ 1,83 trilhão no primeiro trimestre é um retrato do passado recente – infelizmente. A comparação dada pela agência de classificação de risco Austin Rating foi lançada nesta sexta-feira (3) justo quando já havia uma deterioração do quadro. Afinal, a invasão da Ucrânia só começou em 24 de fevereiro, abalando a confiança global, disparando os preços da energia e ameaçando o abastecimento do principal grão comestível. Ucrânia e Rússia são responsáveis por 13,5% de todo o trigo colhido e, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, os estoques atuais podem cobrir pouco mais de 2 anos a ausência desses exportadores. Considerando que área plantada está estável pelo menos desde a safra 87/88 no Hemisfério Norte, temos aí um aditivo inflacionário de respeito.

Por aqui, o pãozinho vai ficar mais caro no balcão justo logo depois de a atividade econômica registrar alta de 1% no 1º trimestre, em comparação com trimestre anterior. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a demanda reprimida do setor de serviços puxou o maior patamar desde o quarto trimestre de 2014 – antes de nossas sucessivas crises. Foi um claro indício de retorno da confiança do cidadão/consumidor, o sujeito que puxa a atividade econômica com seu salário, atraindo o interesse dos grandes players e do big business. Sem o comedor de pãozinho, o resto não virá. E o trigo subiu 13,4% no Brasil em maio. Nossos estoques são mínimos. E temos o petróleo. Com o gradativo embargo ao gás russo por parte da União Europeia, o preço dos combustíveis vai continuar subindo, mesmo com os países produtores da Opep+ aumentando a produção a contragosto. No Brasil, o aumento dos combustíveis não seria evitado verdade nem com privatização ou estatização da Petrobras.

Voltando à porção cheia do copo pela metade, figuramos agora como a 9ª economia de melhor desempenho de PIB no 1º trimestre de 2022, antes a 13ª posição no mesmo período de 2021. Nesse trimestre que já foi, superamos Rússia (US$ 1,83 trilhão), Coreia do Sul (US$ 1,80 trilhão) e Austrália (US$ 1,75 trilhão) e em ritmo de crescimento, superamos Alemanha, França, Itália e Estados Unidos. A questão central é justamente o que fazer com essa informação. Há 11 meses a desaprovação ao governo não fica abaixo de 50%, indicou pesquisa Ipespe divulgada na sexta-feira (3). Este nível de insatisfação é fruto da condução econômica, o que pode se traduzir em receio. Algo paralisante. Ou seja, o que poderia ser um impulso, por fatores internos e externos se mostra um voo de galinha. A culpa pode ser dividida entre o azar e nossa incompetência.

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