Estudo do Itaú revela que a cada R$ 3 apostados, o brasileiro perde cerca de R$ 1
A febre das apostas online tomou conta do Brasil, movimentando bilhões de reais por ano. Mas por trás dos ganhos milionários prometidos, esconde-se uma realidade preocupante: os brasileiros estão perdendo uma fortuna com esses jogos. Um estudo recente do Itaú revelou que, de julho de 2023 a junho de 2024, os apostadores enviaram R$ 68,2 bilhões para sites de apostas, mas conseguiram sacar apenas R$ 44,3 bilhões, representando uma perda de R$ 23,9 bilhões. Isso equivale a dizer que, a cada R$ 3 apostados, o brasileiro perde cerca de R$ 1.
O levantamento foi conduzido pelos economistas Luiz Cherman e Pedro Duarte Eles explicaram que a projeção partiu de dois caminhos de cálculo.
O primeiro são os balanços de pagamentos do Banco Central, que tiveram mudança de metodologia em janeiro de 2023. O acompanhamento do BC considera dinheiro que sai do país para o exterior, onde as casas de aposta são registradas.
A conta considera tudo que o Banco Central entende por jogos e apostas – como as “bets”, cassinos online como o “jogo do tigrinho” e outros jogos por aplicativos – que envolvem dinheiro.
A segunda referência foi o gasto com marketing pelas empresas.
O que está por trás desses números?
A facilidade de acesso aos jogos de azar através dos smartphones, aliada a campanhas publicitárias agressivas, tem atraído cada vez mais pessoas para o mundo das apostas online. No entanto, a busca pelo lucro fácil muitas vezes leva à dependência do jogo, com sérias consequências para a vida financeira e pessoal dos envolvidos.
Diante desse cenário, o governo brasileiro tem buscado regulamentar o setor de apostas online. A partir de janeiro de 2025, as empresas que operam nesse mercado precisarão de autorização para funcionar. As novas regras visam proteger os consumidores, combater a lavagem de dinheiro e garantir uma arrecadação maior de impostos.
Apesar dos avanços, a regulamentação do mercado de apostas online ainda enfrenta desafios. A proliferação de sites ilegais, a dificuldade em identificar e punir os responsáveis por crimes relacionados a jogos de azar e a falta de educação financeira da população são alguns dos obstáculos a serem superados.
O impacto social e econômico
As perdas financeiras causadas pelas apostas online vão além do bolso dos jogadores. A dependência do jogo pode levar à perda do emprego, ao endividamento e ao isolamento social. Além disso, o mercado de apostas online movimenta bilhões de reais, mas uma parcela significativa desse dinheiro não é declarada ao fisco, gerando um prejuízo para os cofres públicos.
As novas portarias determinam, por exemplo, que plataformas de apostas online devem suspender o uso do sistema por parte dos apostadores caso seja constatado um risco elevado de dependência ao jogo. Essa medida visa proteger o consumidor e garantir uma prática de apostas mais segura e responsável.
A PwC estimou que o mercado global de apostas esportivas movimenta cerca de US$ 84 bilhões anualmente. No Brasil, a consultoria projetou um valor de US$ 1,7 bilhão (aproximadamente R$ 9,27 bilhões), e ainda espera um crescimento expressivo nos próximos anos, com maiores regulamentações e um mercado cada vez mais profissionalizado.