Cervbrasil explica as razões para a possível alta
O calor acima da média no Brasil pode impulsionar novamente os preços da cerveja nos próximos meses, de acordo com especialistas. A maior demanda pela bebida gelada, combinada com o repasse de custos de insumos como grãos, deve ser a principal causa da alta.
Efeito El Niño
O Instituto Cervbrasil, que representa a indústria cervejeira, alerta que o El Niño, fenômeno climático que eleva as temperaturas, pode contribuir para o aumento da inflação da cerveja. Na Europa, o receio é que até o gosto da bebida mude. No mês de fevereiro, a categoria de alimentação e bebidas já registrou inflação de 0,95%, acima da média geral de 0,83%.
Demanda em alta
As altas temperaturas tendem a aumentar o consumo de cerveja, especialmente fora de casa. No acumulado dos últimos 12 meses, a cerveja consumida em bares e restaurantes acumula alta de 4,63%, enquanto a bebida para consumo domiciliar subiu 3,74%.
Custos de produção
Além da demanda, os custos de produção da cerveja também estão em alta. O CervBrasil destaca que a produção de grãos no Brasil deve recuar 8% em 2024, o que pode elevar os preços do milho e da soja, insumos importantes para a produção da bebida.
Energia elétrica
Outro fator de custos decorrente do calor que está no radar da indústria é o consumo de energia elétrica no Brasil. O setor de bebidas foi o que mais acelerou o consumo de energia elétrica no mês de fevereiro, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), com alta de 8,6%. Já o consumo consolidado do sistema brasileiro avançou 5,7% em relação a janeiro, segundo a CCEE.
A curto prazo, na avaliação do setor elétrico, os preços devem seguir sem taxas adicionais em razão do bom desempenho das usinas hidrelétricas nos últimos meses. Em abril, o consumo seguirá com bandeira verde, sem cobrança adicional aos consumidores. A maior demanda a nível nacional, porém, é um ponto de atenção da indústria.
Ambev
Em sua divulgação de resultados do quarto trimestre, A Ambev, maior cervejaria do país, apontou que spera que o custo por produto vendido (CPV) fique abaixo da faixa dos mais otimistas, entre 8% e 10%, em 2024. A empresa já sentiu o impacto da inflação no CPV caixa no segmento sul da América do Sul, com alta de 70,9% no quarto trimestre de 2023.
Crescimento do mercado
Segundo analistas da XP, apesar das pressões sobre os preços, o mercado de cervejas deve crescer em 2024. As cervejas de menor teor alcoólico continuam como avenida de expansão da indústria.
O que MR publicou
- Patagonia lança cerveja em nome do meio ambiente
- A aposta da Ambev para ir muito além da cerveja
- Clima extremo piorará sabor e preço da cerveja
- Conheça 7 cervejas sustentáveis
- Microcervejarias do RJ ganharão incentivos
- Há uma cervejaria para cada 123 mil brasileiros
- Brasil tem a 46ª cerveja mais cara do mundo