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Candidato populista pode jogar dólar para acima de R$ 4, diz analista

Em entrevista a MONEY REPORT, Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, explica o que tem provocado a alta do dólar em 2018 e diz o que pode acontecer nos próximos meses, quando a disputa eleitoral ganhará relevância.

O que explica a alta do dólar em 2018?

Não houve nenhuma grande mudança na trajetória política nem as incertezas aumentaram. O cenário econômico tampouco apresenta mudanças drásticas. A explicação para o aumento do dólar está no cenário externo. O primeiro impacto é causado pela política monetária americana. Desde o começo do ano, a inflação nos Estados Unidos dá sinais de aceleração. Como resultado, o Fed (o banco central americano), sinaliza que vai ser mais agressivo na alta dos juros. Isso provoca valorização do dólar. O outro fator é a bagunça que o Trump (Donald Trump, presidente dos EUA) tem criado com a chance de guerra comercial com a China, além de turbulências no preço do petróleo. O cenário internacional é instável.

O cenário eleitoral brasileiro ainda não impactou no câmbio?

Ainda não. Prova disso é que o CDS, que mede o risco Brasil, não registrou aumentos, ao contrário do câmbio. Se houvesse risco político, o CDS teria subido junto com o câmbio. Isso mostra que a questão externa é mais forte.

E quando as eleições vão impactar?

Eu acho que o cenário externo está precificado. Daqui para frente, podemos ver mais o impacto das eleições. Se as pesquisas começarem a mostrar chances de vitória para candidatos populistas e antirreformistas, rapidamente o dólar vai para acima de R$ 4. Agora, se o cenário favorecer candidatos de centro, que apoiam a reforma da Previdência, por exemplo, o dólar cai para R$ 3,30.

Qual a projeção da MB Associados?

Trabalhamos com um cenário de vitória de candidato mais alinhado ao centro. Acredito que mesmo vitórias de Jair Bolsonaro, Marina Silva e Joaquim Barbosa não provocariam um impacto no câmbio neste ano. Mas a situação mudaria no ano que vem. Nenhum dos três candidatos tem força política para aprovar nada porque são frágeis politicamente. E, quando o mercado perceber isso, o dólar voltará a subir.

A queda nos juros no Brasil ajudou na depreciação do real. O que precisamos fazer para termos o real valorizado e juros baixos?

Dar continuidade às reformas, ter um cenário fiscal positivo e um Banco Central crível e que continue baixando as metas de inflação. Se isso ocorrer, teremos um bom cenário para os próximos anos. Mas se elegermos um presidente que queira reinventar a roda, os problemas vão piorar.

 

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