Retaliação inclui suspensão na compra de peças de empresas americanas; ações da fabricante caem 3%
Em uma resposta direta ao novo pacote de tarifas imposto pelos Estados Unidos sobre produtos chineses, o governo da China determinou que as companhias aéreas do país suspendam imediatamente o recebimento de novos jatos da Boeing. A informação foi divulgada nesta terça-feira (15) pela Bloomberg News.
Além do embargo às entregas, Pequim orientou que as empresas do setor aéreo deixem de adquirir peças e equipamentos de aviação fabricados por empresas americanas, medida que pode encarecer significativamente a manutenção das aeronaves já em operação no país.
A decisão é parte de uma escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. Na semana passada, a China já havia elevado tarifas sobre produtos americanos para até 125%, em retaliação ao tarifaço de 145% imposto por Washington. Agora, o alvo é diretamente a Boeing — gigante americana que enfrenta uma série de dificuldades nos últimos meses.
O governo chinês estuda ainda formas de apoiar as companhias aéreas nacionais que operam com aeronaves da Boeing alugadas e que enfrentam custos operacionais crescentes devido ao novo cenário tarifário.
O impacto no mercado foi imediato: as ações da Boeing recuaram 3% no pré-mercado, enquanto os papéis da Airbus — principal concorrente da fabricante americana e com presença dominante na China — registraram alta de 1%. Outro ponto é a valorização dos aviões comerciais chineses da Comac, que por enquanto podem concorrer com os jatos de linha aérea em rotas curtas e médias. A empresa foi criada justamente para reduzir a dependência da Boeing e Airbus, além da Bombardier e Embraer. O projeto mais ambicioso é o C929, que terá capacidade para mais de 250 passageiros em rotas longas.
As três maiores companhias aéreas chinesas — Air China, China Eastern Airlines e China Southern Airlines — planejavam receber, juntas, quase 180 aviões da Boeing até 2027. A suspensão das entregas representa mais um golpe para a fabricante, que ainda sente os efeitos de uma greve trabalhista em 2024 e da crise de confiança após a explosão de uma porta durante um voo em janeiro deste ano.
Com o comércio bilateral superando US$ 650 bilhões em 2024, analistas alertam que a intensificação das tarifas entre China e EUA pode comprometer significativamente o fluxo de bens entre os dois países e agravar ainda mais as tensões econômicas globais.
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