As novas tarifas dos EUA passaram a valer nesta quarta-feira (9) e incluem uma sobretaxa de 50% sobre produtos chineses, além da tarifa geral de 20% imposta em fevereiro
O Ministério das Finanças da China anunciou nesta quarta-feira (9) a imposição de tarifas adicionais de 84% sobre produtos norte-americanos, em retaliação às novas medidas comerciais adotadas pelos Estados Unidos. A decisão, que entra em vigor já nesta quinta-feira (10), é uma resposta direta às sobretaxas de 104% impostas pelo governo de Donald Trump sobre importações chinesas.
A escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo tem gerado tensão internacional. Em comunicado enviado à Organização Mundial do Comércio (OMC), a China criticou duramente a postura norte-americana. “A situação tem escalado perigosamente. Como um dos membros afetados, a China expressa grave preocupação e oposição a esta medida imprudente”, afirmou o governo chinês.
As novas tarifas dos EUA passaram a valer nesta quarta-feira (9) e incluem uma sobretaxa de 50% sobre produtos chineses, além da tarifa geral de 20% imposta em fevereiro. O pacote tarifário afeta também outros 56 países, com a União Europeia entre os principais alvos. O Brasil, por exemplo, passou a ter um imposto adicional de 10% sobre suas exportações aos EUA desde o último sábado (5).
Especialistas alertam para os impactos negativos da nova onda de tarifas. Segundo estimativas, as famílias americanas devem perder em média US$ 3.800 (R$ 21.900) este ano, devido ao aumento médio de 2,3% nos preços de produtos tarifados e de bens integrados à cadeia produtiva dos EUA. O setor de vestuário será um dos mais afetados, com previsão de aumento de até 17% nos preços.
Além disso, os novos obstáculos comerciais colocam em risco quase US$ 2 trilhões em investimentos em território americano. O modo como as tarifas foram calculadas também gerou críticas — países como Lesoto, um dos mais pobres do mundo, serão taxados em 50%, apesar de sua baixa relevância econômica no comércio global.
Em meio às críticas, Trump defendeu sua política comercial em um evento com aliados:
“Sei o que estou fazendo. As tarifas já estão enchendo os cofres do país e forçando mais de 70 países a buscar acordos comerciais”, afirmou.
O presidente norte-americano também minimizou o conflito:
“Eu realmente acho que essa guerra com o mundo… não é uma guerra de fato, porque todos estão vindo negociar conosco. O Japão está vindo enquanto falamos.”
Apesar do discurso confiante, Trump enfrenta pressão crescente até dentro do Partido Republicano, onde parlamentares discutem a possibilidade de aprovar uma legislação que dê ao Congresso maior poder sobre decisões tarifárias — um movimento difícil, mas indicativo do descontentamento político com os rumos da atual política externa econômica.
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