Diante dessa demanda, estudo reforça a importância de políticas públicas e iniciativas privadas que promovam a agricultura sustentável e a rastreabilidade confiável na cadeia produtiva
Pesquisa revela que consumidores chineses estão dispostos a pagar 22,5% a mais por carne bovina brasileira com a garantia e certificação de que o produto venha de rebanhos em áreas que atendam às exigências legais do código florestal. A pesquisa, realizada pela Plataforma de Pesquisa Brasil-China, composta por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas (CAAS) e do Centro de Estudos em Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGVAgro), em parceria com a The Nature Conservancy (TNC), ouviu 720 consumidores nas cidades de Pequim e Xangai.
O estudo aponta que a preferência por produtos sustentáveis é unânime entre os entrevistados. Essa demanda crescente por carne bovina brasileira com menor impacto ambiental e social se alinha ao aumento da relevância do mercado chinês para as exportações brasileiras do setor. Em 2022, a China já representava 27,24% das exportações brasileiras de carne bovina, um salto significativo em relação aos 0,99% de 2012.
Sustentabilidade e rastreabilidade
Diante dessa demanda, o estudo reforça a importância de políticas públicas e iniciativas privadas que promovam a agricultura sustentável e a rastreabilidade confiável na cadeia produtiva da carne bovina. “O consumidor chinês está atento à agenda ambiental e busca produtos com menor impacto no desmatamento”, destaca Kevin Chen, diretor do Centro Internacional para Agricultura e Desenvolvimento Rural da CAAS.
Os pesquisadores brasileiros, liderados por Eduardo Assad da FGVAgro, defendem a união da tecnologia com as SBN como ferramentas para alcançar a sustentabilidade desejada. “A agricultura regenerativa e outras soluções tecnológicas podem auxiliar na construção de um futuro mais resiliente para o agronegócio brasileiro”, afirma Assad.
A Plataforma de Pesquisa Brasil-China busca desenvolver conhecimento público para toda a cadeia de valor da carne bovina no comércio internacional entre Brasil e China. “O sistema de rastreabilidade deve ser abrangente e confiável, garantindo ao consumidor a procedência sustentável do produto”, ressalta Chen. Ele também alerta para a necessidade de um esforço conjunto entre os setores público e privado para financiar e implementar essas iniciativas.
