Relatório da consultoria Agroconsult mostra que o setor de proteína animal é um dos que está mais sofrendo nas cadeias agrícolas com os impactos causados pela greve dos caminhoneiros. A alimentação insuficiente coloca em risco um bilhão de aves e 20 milhões de suínos – sendo que 64 milhões de aves adultas e pintinhos já morreram, e um número maior deverá ser sacrificado em cumprimento às recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal e das normas sanitárias vigentes no país. A recuperação do setor deve levar meses, provocando a escassez de produtos e a disparada dos preços ao consumidor. Confira outros impactos apontados pelo relatório:
Bovinocultura
O início do inverno e o enfraquecimento das pastagens fará com que os bois gordos prontos para abate percam peso. Quando a operação dos frigoríficos voltar ao
normal, o produtor estará fragilizado para negociar.
Leite
A captação está paralisada nas mais importantes bacias produtoras. Há muito leite sendo jogado fora ou sendo utilizado “irrigar” plantações. A redução na ração fornecida às vacas já está ocorrendo.
Cana-de-açúcar
O impacto é grave no setor. As usinas moeram de 10% a 15% da cana esperada para a safra. Cerca de metade do setor está parado por falta de óleo diesel para abastecer as frentes de colheita. Escoar o etanol é outro problema. Os tanques das usinas já estão cheios e praticamente não há mais capacidade de estocagem.
Soja
O principal efeito dos bloqueios das rodovias é impedir que a soja chegue aos portos. Poderia ser pior se a colheita ainda estivesse em andamento e as máquinas fossem
paralisadas por falta de óleo diesel. As exportações foram temporariamente asseguradas pela soja estocada nos portos. A partir de agora a situação começa a complicar. Cerca de 400 mil toneladas devem deixar de ser embarcadas a cada dia que a greve continuar. Mesmo que as rodovias sejam desbloqueadas, levará algum tempo para normalizar o escoamento. Antes da greve, as projeções indicavam que o volume de embarques em junho e julho deveria ser muito próximos do recorde para esses meses. Se parte das exportações tiver de ser postergada, aumentará a competição com o milho nos canais logísticos de agosto em diante.
Algodão
Para as lavouras que ainda estão em desenvolvimento, é preciso considerar que os trabalhos de campo são intensos, demandando diesel e combustível para aviação, utilizada nos tratos culturais (aplicações de defensivos). Limitações desses insumos ainda podem causar alguns problemas nesse período do ano.
Trigo
A falta de combustível (essencial para o andamento do plantio) poderá levar a uma redução da área plantada no Rio Grande do Sul e em partes do Paraná.
Café
Já há atrasos na exportação.
Laranja
A colheita da laranja ainda é manual, mas a dificuldade de transportar a mão-de-obra até os pomares e a produção até as indústrias começa a reduzir o andamento do trabalho.
Fertilizantes
Historicamente, as entregas de fertilizantes se concentram no 2º semestre do ano. Mas no final do 1º semestre o volume de vendas e entregas começa a aumentar. Nas últimas cinco safras, as entregas e maio representaram de 6% a 8% do total do ano. Pode haver uma corrida dos produtores rurais às compras, o que elevaria os preços dos fertilizantes e do custo dos fretes.