Aumento foi incentivado pelo maior uso de eletricidade e pela queda da participação do petróleo na matriz energética

O consumo global de energia registrou em 2024 sua maior alta em mais de uma década, avançando 4% e superando a média anual dos últimos dez anos, que era de 1,3%. O crescimento foi impulsionado pelo aumento no uso de eletricidade e pela queda da participação do petróleo na matriz energética, revelou a Agência Internacional de Energia (AIE) nesta segunda-feira (24).

Segundo o relatório da AIE, o consumo de eletricidade teve um aumento significativo de mais de 4%, o que representa 1.100 terawatts-hora adicionais – equivalente ao consumo anual do Japão. Esse avanço foi impulsionado por fatores como o crescimento da demanda por sistemas de refrigeração devido às temperaturas recordes, o aumento do uso industrial, a expansão de centros de dados e da Inteligência Artificial, além da eletrificação do transporte.

O relatório destaca ainda que, pela primeira vez, a participação do petróleo na matriz energética global caiu abaixo de 30%, marcando uma queda expressiva em relação ao pico de 46% registrado há cinco décadas. Paralelamente, as fontes renováveis e a energia nuclear responderam por 80% da eletricidade adicional consumida em 2024, representando juntas 40% da produção global de eletricidade pela primeira vez.

De acordo com Fatih Birol, diretor-executivo da AIE, o crescimento no uso da eletricidade reverteu uma tendência de queda no consumo energético em economias avançadas. “A utilização da eletricidade está crescendo rapidamente, a ponto de inverter a curva de consumo nas economias desenvolvidas após anos de retração”, afirmou.

Os veículos elétricos também tiveram um papel importante nesse cenário, com um aumento de mais de 25% nas vendas em 2024. Hoje, um em cada cinco automóveis vendidos no mundo é elétrico.

Entre os combustíveis fósseis, o gás natural foi o que mais cresceu em 2024, com um aumento de 115 bilhões de metros cúbicos (+2,7%), superando a média de crescimento dos últimos dez anos, que era de 75 bilhões de metros cúbicos anuais.

O relatório da AIE aponta que os países emergentes e em desenvolvimento foram responsáveis por 80% do crescimento no consumo global de energia, ainda que a China tenha registrado uma desaceleração nesse índice. Nos países desenvolvidos, o consumo também registrou aumento de 1%, após anos de retração.