Estudo aponta crescimento de 0,6% no consumo de bens não duráveis, com destaque para marcas próprias e maior preocupação com sustentabilidade
O consumo de bens não duráveis na América Latina deve manter sua trajetória de alta em 2025, embora em um ritmo mais moderado. Segundo o relatório Consumer Insights Q3 2024, da divisão Worldpanel da Kantar, o crescimento esperado é de 0,6% em unidades, com variações significativas entre os mercados da região.
Brasil e Colômbia estão entre os países com projeções de crescimento acima da média regional. Em contrapartida, Argentina, Bolívia e Chile devem apresentar resultados abaixo da média. Mercados como América Central, México e Peru devem permanecer estáveis.
Essas previsões têm como base o desempenho do terceiro trimestre de 2024, quando o consumo na região cresceu 1,5% em volume, marcando o nono trimestre consecutivo de expansão.
Mudanças nos hábitos de consumo
“A demanda consistente por produtos massivos reflete a recuperação socioeconômica da região e novos hábitos de consumo dos latino-americanos”, afirma Marcela Botana, diretora de Desenvolvimento de Mercado da Kantar para América Latina.
Entre as mudanças observadas, destaca-se o aumento de 11% no tamanho médio dos carrinhos de compras no terceiro trimestre de 2024, com prioridade para cestas básicas. Alimentos e Bebidas mantiveram sua relevância, representando 34,7% e 19,8% do consumo, respectivamente. Já os Laticínios registraram uma leve queda, de 19,2% em 2023 para 18,5% em 2024.
Canais e marcas em destaque
As lojas tradicionais continuam a perder espaço, com uma queda de 44% em contribuição até setembro de 2024. Em contrapartida, lojas de desconto (47%) e atacadistas (39%) ganham preferência entre os consumidores.
Outro destaque é o crescimento das marcas próprias, que, desde março de 2024, lideram as vendas em diversas categorias, mesmo representando apenas 7% do volume total. Essas marcas impulsionaram mais de 30% das novas vendas, especialmente em Beleza e Cuidado Pessoal (40%), Alimentos (26%) e Bebidas (70%).
“2025 pode ser o ano em que as marcas próprias se consolidem como a principal fonte de crescimento do volume de bens não duráveis na região”, analisa Botana.
Tendências para o futuro
Além das mudanças nos padrões de consumo, a sustentabilidade e os valores pessoais continuam a influenciar as decisões dos consumidores. A proporção de Eco-Actives – compradores preocupados com o meio ambiente – subiu de 18% em 2023 para 27% em 2024, indicando uma tendência de maior conscientização ambiental.
O relatório aponta que, mesmo diante de desafios econômicos, o consumidor latino-americano está redefinindo suas prioridades, buscando equilíbrio entre preço, qualidade e impacto ambiental.