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Copom eleva Selic para 11,25% ao ano, com alta de 0,5 ponto

Aumento do Comitê de Política Monetária era esperado e acabou empurrado pelo dólar, escalada dos preços dos alimentos e alta da energia

O movimento recente de elevação dólar. as incertezas em torno da inflação e as oscilações da economia global fizeram o Banco Central (BC) aumentar o ritmo de alta dos juros. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic, os juros básicos da economia, em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano.

A decisão era esperada pelo mercado financeiro, conforme os resultados do boletim semanal Focus, do BC. O último colocou a expectativa de inflação acima da meta de 4,50% ao ano. No comunicado que anunciou o aumento, foi observado que: “Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho”. Tal cenário exigiria cautela por parte de países emergentes.

Com isso, o Brasil passa a ter a terceira maior taxa de juros real do mundo, que desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses, deve ficar em torno de 8%. Em primeiro lugar está a Turquia, com 15,18%, seguida pela Rússia, com 12,19%.

A decisão consolida um ciclo de contração na política monetária, após um período de desacelerações sucessivas. Após passar um ano em 13,75% ao ano, entre agosto de 2022 e agosto de 2023, a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano. Nas reuniões de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, começando a aumentar a Selic na reunião de setembro, quando a taxa subiu 0,25 ponto.

O Copom explicou: “O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

Bandeiras de energia

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o IPCA subiu para 0,44%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a puxada veio da bandeira vermelha nas contas de luz e por causa dos preço dos alimentos, que subiram por causa da seca no início do semestre. O IPCA de outubro só será divulgado na sexta-feira (8) e pode dar uma reduzida, já que a bandeira da energia caiu para a condição amarela.

Com o resultado, o indicador acumula alta de 4,42% em 12 meses, cada vez mais próximo do teto da meta deste ano. Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,5% nem ficar abaixo de 1,5% neste ano.

No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a autoridade monetária elevou para 4,31% a previsão para o IPCA em 2024, mas a estimativa pode subir ainda mais mudar por causa da alta do dólar e do impacto da seca prolongada sobre os preços. O próximo relatório será divulgado no fim de dezembro.

As previsões do mercado estão mais pessimistas. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,59%, acima do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 4,38%.

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