FertBrasil tentará reduzir compras externas de insumos e tecnologias, principalmente da Rússia, economizando US$ 1 bilhão por safra
Os impactos econômicos e inseguranças no mercado de fertilizantes gerados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia fizeram a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) anunciar uma caravana de apoio técnico aos produtores rurais. Espera-se aumentar de 60% para 70% a eficiência dos produtos e economizar US$ 1 bilhão já na próxima safra.
A partir de abril, pesquisadores e técnicos começarão a visitar cerca de 30 polos produtivos de nove áreas agrícolas para melhorar o emprego de fertilizantes e insumos, diminuindo custos de produção e ajudando a aplicar tecnologias e boas práticas de manejo de solo, água e plantas.
Denominada Caravana Embrapa FertBrasil, a iniciativa está entre as medidas de curto e médio prazo do Plano Nacional de Fertilizantes, que será lançado pelo governo federal nas próximas semanas para reduzir a dependência externa, situação agravada pelo conflito na Europa Oriental.
“Nosso objetivo é sensibilizar as lideranças ligadas às cadeias produtivas da agropecuária, além de técnicos, consultores e multiplicadores, para que o Brasil possa superar a crise dos fertilizantes por meio de capacitação e troca de conhecimentos sistematizados entre os institutos de pesquisa e o setor produtivo, estabelecendo um diálogo da pesquisa com o agronegócio no Brasil, propondo soluções tecnológicas para cada um desses 30 polos agrícola”, explicou o presidente da Embrapa, Celso Moretti.
Esta será a segunda caravana itinerante realizada pela Embrapa. Entre 2013 e 2015, a empresa percorreu também os principais polos produtivos do país para divulgar soluções tecnológicas para controlar a lagarta Helicoverpa armigera, praga exótica que invadiu o território brasileiro, causando fortes prejuízos às principais culturas agrícolas.
Cinco frentes
A Embrapa e instituições parceiras também tem outras ações em sua programação de pesquisa para ajudar diminuir a dependência brasileira de fertilizantes importados. “Nossa meta é reduzir em 25% a demanda por fertilizantes importados até 2030. O Brasil não tem uma vara de condão para mudar isso do dia para a noite”, afirmou o presidente da Embrapa. Por isso, segundo ele, a empresa priorizou cinco frentes de pesquisas: biofertilizantes, organominerais, fertilizantes nanoestruturados, agricultura de precisão e condicionadores de solo com pó de rocha.
O Brasil, atualmente, consome 8,5% da produção global de fertilizantes, ocupando a quarta posição. China, Índia e Estados Unidos aparecem no topo da lista. Esses países também são grandes produtores de fertilizantes, à exceção do Brasil, queem 2021 importou cerca de 90% das 43 milhões de toneladas consumidas em suas lavouras.
No país, as culturas de soja, milho e cana-de-açúcar respondem por mais de 73% do consumo de fertilizantes. A Rússia é responsável por fornecer 25% dos fertilizantes usado no Brasil. A principal dependência dos russos é para com o potássio.