Para o sócio sênior do BTG Pactual, acreditar que a elevação da meta de inflação reduzirá juros é uma tese perigosa
Entrevistado pelo jornalista William Waack na abertura do CEO Conference Brasil 2023, no painel “Cenário Econômico e Político Brasileiro”, André Esteves, sócio sênior do BTG Pactual, mostrou compreensão sobre os lados antagônicos da polêmica dos juros que se instalou na política nacional. Ele defende a necessidade de acalmar os ânimos e buscar o lastro do caminho técnico. “O presidente Lula tem ansiedade natural para atender rapidamente a população que ele colocou como objetivo de seu governo. É louvável. O que não pode é buscar um atalho. Isso não vai levar a nada”, afirmou.
Em meio ao atrito entre Lula e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, sobre a manutenção dos juros da Selic no elevado patamar de 13,75%, Esteves acredita que o BC está performando um trabalho técnico perfeitamente qualificado. “É claro que vivemos um momento de juros altos. Faz parte do contexto. Os juros estão altos no mundo inteiro. O benchmark americano vai passar de 5%. Se olhar a taxa brasileira, está mais ou menos compatível com as expectativas de inflação”, argumentou. “Juro não é escolha voluntária de uma pessoa”.
O executivo afirmou ainda que a tese de que elevar a meta de inflação levaria a juros mais baixos é perigosa e comentou que, desde a sua adoção, o regime de metas de inflação tem conseguido manter os preços razoavelmente sob controle, o que é interesse de todos.
Sobre as expectativas em relação à reforma monetária, Esteves comentou que apesar de ser algo extremamente complexo, este governo poderá dar o “chute no gol de uma bola que já está rolando há tempos”.
Já em relação à mudança no arcabouço fiscal, que vê como um projeto do atual governo, demonstrou preocupação.” O teto de gastos cumpriu uma função muito importante. É bom evoluir, mas precisa mostrar uma trajetória sustentável para ter efeito sobre as expectativas e sobre o governo”.
Confira a entrevista:
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