As exportações da erva ultrapassaram 44 mil toneladas em 2024
As exportações de erva-mate na Argentina ultrapassaram 44 mil toneladas em 2024, marcando um novo recorde para o país. Segundo o Instituto Nacional da Erva Mate (INYM), foram enviados ao exterior 44.019.308 kg do produto, um aumento de quase 11% em relação aos 39.700.553 kg de 2023. O máximo histórico anterior nas exportações havia sido em 2018, quando foram alcançados 43.002.819 kg, segundo dados da organização da erva-mate.
Ao analisar as razões desse crescimento, alguns industriais destacaram os novos mercados cuja abertura já estava sendo planejada há algum tempo. Segundo estatísticas acessadas por La Nacion, dois países importantes nas relações com a Argentina, mas que não eram grandes importadores de erva-mate, acabam de entrar no top 10 de compradores: Brasil e Estados Unidos.
O Brasil foi o quarto maior comprador de erva-mate argentina, com compras superiores a mil toneladas (representando 2,54% das exportações). Os Estados Unidos ficaram em 6º lugar entre os compradores, com importações de 748 toneladas e compras de 1,76% do total.2024 foi o ano de Lionel Messi no Inter Miami, considerado pela indústria da erva-mate como o maior “influenciador” que a bebida agregou nos últimos anos, de uma longa lista que também inclui o Papa Francisco, o ator Vigo Mortenssen e muitas outras figuras de Hollywood.
“Acredito que se pode enxergar um ponto de inflexão, um antes e um depois, com uma nova etapa na qual a erva-mate comece a ganhar cada vez mais visibilidade no mundo, o esforço de cada empresa e marca de forma independente, inclusive do Leo Messi, o embaixador número 1, tem seu efeito”, diz Pedro Horacio Stepaniuk, diretor da Mate Rojo.
Stepaniuk lançou uma marca “10” em sua homenagem para direcionar as vendas em Miami: o logo tem a cor da camisa do Inter Miami, onde o craque joga. Ele também lançou uma versão com as cores da camisa argentina, aproveitando a última Copa América realizada no país, como uma ótima prévia para a Copa do Mundo de 2026.
“Crescemos muito nos EUA no ano passado”, explicou.
Síria na liderança
Isso acontece em um contexto em que, no entanto, o crescimento desses mercados não é comparável às compras de erva-mate feitas pela Síria, de longe o maior importador da erva-mate argentina. Apesar da queda do regime da família Assad após 50 anos, as operações naquele mercado não foram afetadas. A Síria voltou a ser o principal comprador de erva-mate, respondendo por quase 70% dos embarques, embora sua participação histórica esteja diminuindo lenta e imperceptivelmente, já que em outros anos foi responsável por 80% do total.
“Os motores das maiores exportações foram a Síria, com mais 4.000 toneladas, o Chile [mais 1.100 toneladas], com uma recuperação econômica do país transandino, e depois há que referir a Europa [mais 500 toneladas] e os Estados Unidos”, explicou o gerente geral de uma das principais empresas de erva-mate. “Nossos maiores crescimentos foram no Chile, Líbano, dobramos em relação a 2023, mas também Alemanha, Turquia e a grande surpresa foi o México, onde estamos entrando em supermercados e crescendo muito. Também estamos em novos mercados, como Malásia, Vietnã e continuamos presentes na Índia”, disse Silvio Leguía, gerente comercial da Piporé, ao La Nacion.
A Piporé ganhou duas vezes o prêmio Exportar por seus esforços comerciais em novos mercados, como a Índia, e é a terceira maior exportadora da Argentina, atrás da La Cachuera, que este ano desbancou o Grupo Kabour como o exportador número 1 do país.
“Temos que trabalhar duro e continuar inovando, o futuro é promissor e há muito a fazer e alcançar”, concluiu Stepaniuk, da Mate Rojo e da erva “10”. “Com a 10 entramos rapidamente no mercado americano, mas também fomos para a Europa, países como a República Tcheca e também países como a Guatemala”, acrescentou.
No setor de erva-mate, porém, não se vê um boom nas exportações, pois, assim como nas vendas para o mercado interno, neste negócio todos os movimentos de alta ou baixa representam flutuações muito moderadas. Segundo séries históricas do INYM, as exportações de erva-mate estão estagnadas em torno de 40 mil toneladas e apresentam comportamento de “dente de serra”, com pequenos aumentos nos anos pares, seguidos de quedas nos anos ímpares.
Alguns apontam que em anos ímpares, os quais são anos eleitorais, os governos tendem a atrasar mais o dólar para conseguir um efeito que gere mais chances nas urnas. Ao mesmo tempo, em anos ímpares as importações tendem a cair, mas as vendas para o mercado interno aumentam. Este ano, as vendas recordes no exterior coincidiram com uma queda acentuada no consumo interno. Segundo dados do fim de 2024, as vendas para o mercado interno foram as menores desde 2016, com 258,8 mil toneladas vendidas.
É por isso que todos veem 2025 como um ano para continuar tentando, embora não se espere uma explosão nas vendas externas.
“Este ano de 2025 vai ser muito difícil, sabendo que temos que competir com outros países exportadores em embarques a granel que explicam a maioria das exportações, o dólar não ajuda, e os custos continuarão a subir”, disse ao La Nacion um gerente geral de uma das 10 maiores empresas do mercado. “Teremos que competir”, acrescentou
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Por Redação
Publicação original: https://exame.com/agro/exportacao-de-mate-argentino-dispara-com-efeito-messi-brasil-se-torna-um-dos-maiores-compradores/