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Exame: Quais são as propostas de Massa e Milei para a economia argentina?

Massa propõe um plano de continuidade para melhorar a economia argentina, enquanto Milei quer diminuir o estado e dolarizar a economia para reconstruir a economia

Javier Milei e Sergio Massa disputam a preferência do eleitorado argentino no próximo domingo, 19, para definir quem será o próximo presidente do país. Independentemente do vencedor, um fato é certo: o próximo presidente argentino assumirá um país com severa crise econômica, com 40% de sua população na pobreza e uma inflação anual de três dígitos. 

Durante a campanha do segundo turno, os dois candidatos se concentraram em mostrar as fragilidades do adversário e não apresentaram grandes novidades em relação às promessas para tentar recuperar a economia do país.

De um lado, Massa propõe um plano de continuidade para melhorar a economia argentina, uma vez que ele é o atual ministro da economia, enquanto Milei quer diminuir o Estado e dolarizar a economia para reconstruir a economia.

Plano de Sergio Massa para a economia da Argentina

Massa apresentou durante a campanha que os principais eixos de um provável futuro governo são o equilíbrio fiscal, o superávit comercial, uma taxa de câmbio competitiva e o desenvolvimento com inclusão social. O atual ministro da economia também reforçou a manutenção das relações comerciais com o Brasil e a China, países que são criticados por Milei.

No campo do emprego, o peronista promete um ensino básico alinhado com o que chamou de o “novo mercado de trabalho”, com aulas de robótica e programação. A ideia é que exista uma parceria com empresas para inserção dos jovens no mercado de trabalho. Massa propõe benefícios fiscais para pequenas e médias empresas em troca de política de contratação. A taxa de desemprego na Argentina é de 6,9%, com 36,7% de informais. 

Apesar das promessas de equilíbro fiscal, durante a campanha, o candidato-ministro usou a caneta para lançar diversas medidas econômicas e atrair votos. As ações foram do congelamento do preço dos combustíveis até a redução do imposto de renda sobre o salário para quase toda população da Argentina. Segundo estimativa da Bloomberg, a medida pode custar quase 1% do PIB argentino.

Projeções apontam que o déficit fiscal do país em 2023 será de mais de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) — o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) era que rombo nas contas públicas fosse de apenas 1,9% neste ano. No segundo trimestre de 2023, o PIB argentino encolheu 2,8% em relação ao trimestre anterior — e caiu 4,9% na comparação anual. A FMI estima que o PIB argentino terá retração de 2,5% neste ano.

Segundo a professora de economia do Insper, Juliana Inhasz, o plano econômico-eleitoral vai contra as promessas de campanha do peronista. “Temos uma piora do déficit fiscal e da credibilidade com essas medidas. No caso do congelamento de preços, é uma forma artificial de conter a inflação. O que vai acontecer é que as empresas vão produzir menos para aquele mercado porque está congelado ou vão continuar produzindo e venderão os seus produtos no mercado paralelo, o que vai fazer com que o custo de vida da população continue subindo”, afirma.

Plano de Javier Milei para a economia

Milei promete recuperar a Argentina com um plano radical na economia: o fim do Banco Central argentino e a dolarização total da economia do país. Os eixos do plano de governo divulgado pelo partido La Libertad Avanza coloca como princípios a reforma econômica, a redução das despesas do Estado, a flexibilização do mercado de trabalho, setor comercial e financeiro e a privatização de empresas públicas.

O ultraliberal afirma que, se eleito, realizará um corte significativo das despesas públicas do país, com uma redução de número de ministérios e uma diminuição gradual de benefícios sociais. Hoje, a Argentina tem subsídios a transportes, tarifas públicas e programas de distribuição de renda.

No campo fiscal, Milei promete acabar ou reduzir impostos, principalmente de exportação. A medida agrada o agronegócio argentino — que representa 20% do PIB do país — e paga altos impostos de exportação. Outras promessas do ultraliberal que agradam o setor são o fim das exigências de abastecimento doméstico, com isso os agricultores poderão vender seus produtos para quem quiser, e o fim de controles cambiais.

Em seu último ato de campanha, em clara moderação de discurso, Milei prometeu não acabar com políticas públicas, como privatizar a saúde e educação. “Não vamos privatizar a saúde, não vamos privatizar a educação, não vamos privatizar o futebol, não vamos reformar o INCUCAI (órgão responsável pela política de doação e transplante de órgãos), não vamos permitir o porte irrestrito de armas”, disse.

Ao analisar as propostas do ultraliberal, Inhasz, do Insper, afirma que cortar as despesas públicas pode resolver o problema fiscal e melhorar a credibilidade, mas ressalva que o fim do banco central e a dolarização podem trazer problemas para o país.

“A dolarização da economia da Argentina pode ser um problema. Primeiro porque o país não tem dólar suficiente para fazer uma reserva toda sólida. Sem isso, a economia pode sofrer com ataques, inclusive especulativos. Além disso, se o dólar for referência, o produto argentino pode ficar mais caro para o resto do mundo de acordo com a valorização dessa moeda”, explica. “E o fim do Banco Central pode causar problema, porque a política monetária é uma grande aliada para busca do equilibro fiscal. Com a economia dolarizada e sem o BC, ele pode perder a chance de fazer política monetária”, conclui.

Alternativas para a economia argentina

Segundo Fabio de Andrade, professor de relações internacionais da ESPM e economista, a solução para a economia argentina passa por diversas medidas de curto e longo prazo. Ele cita, como algo que pode transformar o país, a mudança e o aumento da matriz de participação da Argentina no comércio internacional.

“Enquanto o resto do mundo está discutindo a inserção em canais de valor global, se colocando pelo menos como fornecedores de produtos de alto valor agregado, a Argentina, e outros países latino-americanos, ainda ocupam o papel de exportação de commodities muito simples. É difícil pensar em desenvolvimento econômico de longo prazo com esse tipo de matriz de participação no comércio internacional”, diz. 

Andrade explica que o caminho passaria ainda por reforçar alianças com tradicionais, como com a China, e mapear quais pontos de oportunidade de fornecimento de produtos de alto valor agregado poderiam ser preenchidos pela economia do país. “Talvez se aproveitar da experiência com a indústria automobilística. Se colocar como fornecedor de autopeça ou participar da cadeia de componentes de veículos elétricos, mas é um caminho muito difícil”, conclui.

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Por André Martins

Publicado originalmente em: https://encurtador.com.br/fioI2

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