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Exame: Tarcísio embarca aos EUA para vender superconcessões

Agenda inclui encontros como fundos como BlackRock e Lizard, além do Citibank e outras instituições financeiras; Infra Month dos leilões, com destaques como a Dutra, começa no próximo dia 29

A semana será movimentada para o Ministério da Infraestrutura – Tarcísio de Freitas (imagem) viaja neste sábado, 2, para os Estados Unidos com o objetivo de atrair investimentos para as rodadas de concessões do último trimestre do ano e 2022. O ministro participa de um roadshow de cinco dias em Nova York com fundos como o Lazard, com um portfolio de 8,3 bilhões de dólares em infraestrutura, BlackRock, GIP e o australiano Macquarie, que vem intensificando os aportes no Brasil, conforme antecipou Exame.

A carteira de projetos que será apresentada aos investidores internacionais traz os 19 ativos que devem ser licitados até o final do ano, entre eles a rodovia Dutra, com data marcada para o dia 29 deste mês (previsão de 14,9 bilhões de reais de investimento), considerada a joia da coroa, e a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), primeira estatal a ser privatizada na atual gestão. O leilão de dois terminais de movimentação de combustíveis do porto de Santos, programado para o dia 19 de novembro (950 milhões de reais) também deve ocupar um lugar de honra nas reuniões com fundos e instituições financeiras. “Trata-se da maior carteira de ativos leiloados no mundo”, diz Freitas.

A expectativa é que multinacionais como a francesa Vinci Airports, que venceu leilões de sete aeroportos na região Norte em abril deste ano, comecem a participar do mercado de rodovias. O setor também deve atrair grupos como o Macquarie, que estaria de olho nas concessões de estradas do Paraná – cerca de 3,3 mil quilômetros devem ser leiloados no último trimestre, com investimento estimado de 43 bilhões de reais.

Bancos como o Citibank e J.P. Morgan também revelaram interesse em conversar sobre a venda de ativos de infraestrutura de transportes do país – a organização da agenda de encontros, que acontecerá em Nova York, coube à Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). O leilão de grandes aeroportos, como o de Viracopos, em São Paulo, já entrou no radar dos investidores, segundo a entidade. “Com a retomada do fluxo de passageiros, é natural que os aeroportos atraiam interesse do mercado internacional”, diz Adalberto Durau Bueno Netto, gerente de investimentos da Apex-Brasil.

Pouco antes de embarcara para os Estados Unidos, Tarcísio de Freitas conversou com a EXAME. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva.

Em relação à carteira de 19 leilões de infraestrutura de transportes que devem acontecer até o final do ano, que tipo de ativo deve gerar maior interesse dos fundos estrangeiros?

Dessa vez chegamos com uma condição privilegiada de dizer que, entre todos os países do mundo, temos em curso o maior e mais diversificado portfólio de projetos de infraestrutura de transportes. Evoluímos na modelagem dos projetos, nos marcos regulatórios e também no fortalecimento da regulação. Foram 74 ativos concedidos desde 2019 que geraram 74 bilhões de reais em investimentos privados contratados e, muito importante, impacto estimado de 1 milhão de novos empregos.

Os próximos 19 ativos que vamos leiloar devem atrair diferentes grupos que, ou já estão posicionados no Brasil, ou já trabalham para se posicionar. Às vezes participando dos leilões e não levando, ou montando escritórios no país para se preparar para os estudos. Até porque ninguém entra no país para participar de um único leilão, daí a vantagem de ter um portifólio diversificado.

Mas quais leilões programados ainda para este ano devem atrair mais a atenção?

É inevitável falar que o leilão da Nova Dutra, a rodovia de maior movimentação em toda a América Latina, atrai todo o interesse. Estamos falando do maior leilão rodoviário de nossa história. Há também os terminais de líquidos da Alamoa, no Porto de Santos (STS 08 e 08a), o maior leilão portuário dos últimos 20 anos.

O porto de Vitória deverá ser privatizado até o final do ano. Como o senhor avalia o interesse por essa classe de ativo?

Estamos recebendo manifestações em projetos relacionados aos quatro modos de transporte, incluindo ativos localizados em outras regiões do país, o que já sinaliza que teremos leilões extremamente competitivos em 2022. Vemos o interesse muito grande de fundos na privatização dos portos, a começar pela Companhia Docas do Espírito Santos, a Codesa, e, claro, o porto de Santos. Vemos interesse de um grupo forte australiano nas rodovias do Paraná. Acredito que muito em breve veremos operadores como a francesa Vinci, que já está em nossos aeroportos, também entrando em rodovias. Aliás, o setor de aeroportos tem atraído o interesse de novos entrantes internacionais, o que também devemos ver na 7ª rodada.

A MP das Ferrovias, que estabelece o regime de autorizações para a operação e construção de novos trechos e acaba com a obrigatoriedade da realização de leilões para a ampliação do modal, deve ser votada em breve no Congresso. Como o senhor avalia a nova regulamentação?

O novo marco regulatório deve atrair, em um primeiro momento, grupos que já têm planos de negócios aqui e buscam verticalizar a sua logística, como portos privados, plantas de celulose e a indústria de minérios. Também estamos vendo concessionárias enxergando oportunidades de ampliar sua malha e atrair mais cargas. Esse é o primeiro movimento. Em breve, esperamos atrair mais entrantes, inclusive para o transporte de passageiros. O Brasil está começando um novo ciclo de boom ferroviário.

O senhor também deve ir à Europa para um roadshow em novembro. Que tipo de ativo deve entrar no radar dos europeus?

Os principais operadores de infraestrutura estão na Europa, sobretudo espanhóis e italianos, que já possuem interesse em nosso mercado, mas também outros. Vale lembrar que no caso de aeroportos já temos aqui a Aena da Espanha, a Fraport alemã, a Vinci francesa, a Zurich suíça. Nos Estados Unidos conversamos mais com o braço financeiro do negócio. É sempre bom lembrar que o mercado de infraestrutura no mundo todo cabe numa folha A4. Então é sempre importante estreitarmos os laços com quem financia os projetos, como os fundos de investimento e de pensão, e com os operadores de infraestrutura. Também iremos a Dubai, em novembro, onde esperamos conversar com os fundos soberanos árabes.

E qual é a expectativa em relação ao volume de investimentos que pode ser facilitado durante o roadshow nos EUA? Qual ordem de grandeza pode ser considerado factível?

O mais importante é que estamos indo em um patamar muito diferente de quando fomos em 2019. Na ocasião, estávamos lançando um programa de concessões com a promessa de que ele daria certo. Agora, vamos chegar com números que mostram o Brasil na liderança em ativos de transportes leiloados. Isso é muito importante. Nenhum país fez 34 leilões de aeroportos. Isso mostra confiança ao investidor, mostra coragem de seguir com o programa em plena pandemia, mostra resiliência do nosso mercado e, acima de tudo, mostra escala. O Brasil é o sétimo maior mercado consumidor do mundo. Isso é muito interessante para quem busca investimento de longo prazo. Temos demanda, temos tradição em respeito a contrato e temos uma estruturação de projetos sofistificada. E agora vem os melhores ativos, como a Dutra, Congonhas, Santos Dumont, porto de Santos. Então, o nosso objetivo é convidá-los para uma festa que já é um sucesso.

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Por Carla Aranha

Publicado anteriormente em: https://cutt.ly/2EGizDS

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