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Exame: Tarifaço de Trump pode custar US$ 6,4 bi para indústria brasileira

Estudo da UFMG aponta que poucos segmentos teriam incremento nas exportações

Uma simulação feita por economistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) conclui que a escalada da guerra tarifária entre Estados Unidos e China pode provocar efeitos assimétricos na economia brasileira.

Segundo pesquisadores do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Nemea-Cedeplar) da instituição, o setor agropecuário pode ter ganhos expressivos com a disputa comercial que, por outro lado, deve impor perdas significativas aos serviços e principalmente à indústria nacional. O estudo é assinado pelos economistas Edson Paulo Domingues, João Pedro Revoredo Pereira da Costa e Aline Souza Magalhães da UFMG.

Com base em modelos de Equilíbrio Geral Computável (EGC), os pesquisadores simulam os efeitos das tarifas anunciadas entre os dias 7 e 11 de abril de 2025. As medidas incluem o aumento das taxas dos EUA sobre produtos chineses para 145%, elevação para 10% das tarifas sobre importações de outros países, , além da aplicação de 25% sobre automóveis e aço. Em resposta, mais tarde, a China aumentaria suas taxas sobre produtos americanos para 125%.

Efeito do tarifaço de Trump no agro e na indústria do Brasil

Apenas com o tarifaço de Trump, contudo, a simulação aponta para um impacto global substancial.A projeção é de queda de 0,25% no PIB mundial, o que representa uma perda de US$ 205 bilhões, além de uma retração de 2,38% no comércio global — cerca de US$ 500 bilhões a menos em trocas internacionais.

No Brasil, o efeito sobre o PIB seria marginalmente positivo, com alta de 0,01%. No entanto, esse crescimento seria puxado quase exclusivamente pelo avanço das exportações agrícolas, sobretudo da soja, cuja demanda por parte da China aumentaria diante da restrição às compras de de grãos dos EUA.

A expectativa é de um incremento de US$ 6,642 bilhões nas exportações brasileiras do setor agropecuário. Por outro lado, os setores industrial e de serviços registrariam quedas de US$ 6,409 bilhões e US$ 2,203 bilhões, respectivamente.

A maior parte dos segmentos industriais, como o de equipamentos de transporte, sofreria retração na produção devido à redução da demanda externa e à maior concorrência com produtos importados, que tendem a ficar mais baratos com a reconfiguração dos fluxos comerciais.

O estudo do Nemea-Cedeplar acrescenta que apenas alguns setores conseguiriam ampliar suas exportações, como sementes oleaginosas (soja), vestuário, computadores, produtos minerais e derivados de petróleo. Já a ampliação das importações, especialmente de produtos agrícolas e industriais, seria um fenômeno mais amplo, impactando negativamente a produção nacional.

A pesquisa reforça que, embora o Brasil possa ocupar nichos deixados pelos EUA no mercado chinês, os ganhos são pontuais e limitados a alguns segmentos — não suficientes para reverter o impacto negativo nos setores mais intensivos em tecnologia e emprego.

Por Clara Assunção

Publicado originalmente em: cutt.ly/BrgKEEcP

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