Há décadas a indústria brasileira se acostumou a, ao menor sinal de crise, bater à porta do governo, em Brasília, para pedir ajuda. A indústria automotiva é uma das mais hábeis em conseguir benesses, que podem vir na forma de subsídios fiscais ou barreiras contra a competição externa — e que são pagas por todos os brasileiros, até aqueles que nunca compraram um carro.
A julgar pela declaração do secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos da Costa, essa “mãozinha” do governo está com os dias contados. Segundo a Folha de S. Paulo, ele teria respondido da seguinte forma ao vice-presidente de Relações Governamentais da GM do Brasil, Marcos Munhoz, que alertava para os riscos de fechamento de fábricas no Brasil por conta dos altos custos de produção: “Se precisar fechar, fecha”.
Ainda segundo o jornal paulistano, em outra reunião com representantes do setor produtivo, o secretário disse haver três temas proibidos no governo: subsídios, proteção e mais gasto público. Ao invés de benefícios, que, segundo os melhores estudos da academia, custam caro e não trazem resultados, o governo quer trabalhar em aumentar a produtividade do Brasil, isso sim uma medida que traz crescimento sustentável para o país.
Trata-se de uma ótima notícia. Já passou da hora de os brasileiros, tanto sindicalistas quanto industriários, entenderem que, no capitalismo, lucros podem se transformar em prejuízos e quem não tem condições de andar com as próprias pernas não pode depender para sempre da ajuda dos outros brasileiros. O país cansou disso.