Atual diretor de Política Monetária do BC deve ser aprovado por ampla maioria, inclusive por senadores de oposição
O indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Siva (PT) para o comando do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, será sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça-feira (8). Em seguida, a indicação deve ser levada ao plenário da Casa.
Galípolo é, atualmente, diretor de Política Monetária do BC. Foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, braço-direito do ministro Fernando Haddad. O economista conversou com mais de 60 senadores desde que foi indicado por Lula, em 28 de agosto. Sua indicação tem aceitação no mercado e não deve sofrer resistências dentro do Senado.
Em 4 de setembro, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já havia anunciado que a indicação de Galípolo seria votada no plenário assim que o primeiro turno das eleições passasse. O governo chegou a tentar marcar a sabatina para setembro, mas não houve a presença suficiente de senadores para que a indicação avançasse. Muitos estavam em suas bases fazendo campanha eleitoral.
Galípolo deve substituir o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Lula fez várias manifestações negativas contra Campos Neto, sobretudo com críticas à taxa básica de juros. Seu mandato se encerra em dezembro deste ano. Caso seja aprovado, o indicado de Lula ficará no cargo de 2025 a 2028.
O relator da indicação na CAE é o líder do governo no Senado, senador Jaques Wagner (PT-BA). A indicação de Galípolo, além de ser bem recebida pela base de apoio de Lula no Senado, é bem vista pela oposição ao governo. No PL, a avaliação é que não será criada nenhuma dificuldade durante a sabatina.
Compromissos com a economia
Em sua exposição, Galípolo ressaltou os “numerosos desafios” que o BC enfrentará, como a criação de uma economia mais equitativa e transparente, e reiterou a importância do combate à inflação. Ele destacou a necessidade de garantir que o Brasil se torne um destino atrativo para empreendimentos e inovações voltadas para a sustentabilidade.
Durante a sabatina, Galípolo também foi questionado sobre sua relação com Campos Neto e as críticas de Lula ao atual presidente do BC. Ele afirmou que sua interação com ambos tem sido positiva e lamentou qualquer expectativa de rivalidade. “Minha relação com o presidente Lula e com o presidente Roberto é a melhor possível”, declarou.
Desafios à frente do Banco Central
A indicação de Galípolo é bem vista pelo mercado financeiro, mas não está isenta de desafios. O Banco Central, embora tenha autonomia, enfrenta a tarefa de controlar a inflação enquanto lida com a taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano. Essa taxa elevada tem implicações diretas sobre o crédito e a atividade econômica, refletindo na inflação e no desemprego.
Galípolo, que teve uma trajetória significativa no governo Lula, atuando na campanha presidencial e como secretário-executivo do Ministério da Fazenda, tem a missão de assegurar a estabilidade do sistema financeiro e a saúde econômica do país. Além disso, ele é mestre em Economia Política pela PUC-SP e leciona em programas de MBA.
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