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Galípolo jamais considerou artificial a alta do dólar

Prestes a assumir a presidência do Banco Central (BC), o economista Gabriel Galípolo provou o gosto da desinformação articulada nas redes sociais, ao ter uma suposta publicação compartilhada, de apoio à moeda dos Brics como proteção contra o dólar e de indicação para sua futura equipe.

Uma das mensagens dizia: “Galípolo: a moeda dos Brics nos salvaguardaria da extrema influência que o dólar exerce no nosso mercado”. Outra mensagem afirmava: “A meta é fazer a moeda estadunidense retornar aos R$ 5 ainda em 2025, declarou Galípolo”. Uma terceira mensagem pontuava: “Gabriel Galípolo, o próximo presidente do BC, considera a alta do dólar artificial e não enxerga cenário com preocupação.”

As mensagens não condizem com a realidade. Galípolo não deu as declarações acima. O BC informou que são falsos os comentários em redes sociais sobre câmbio atribuídos ao diretor. Por isso, esse caso foi escolhido como a Fake News da semana de MR.

Todas a mensagens foram publicadas em um mesmo perfil do X. No início da tarde de terça-feira (17), a conta saiu do ar. Na quarta (18), a Advocacia-Geral da União (AGU) acionou a Polícia Federal e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) contra a desinformação envolvendo a política monetária.

Leia a nota do governo

Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhou, na noite desta quarta-feira (18/12), ofícios à Polícia Federal e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para que sejam instaurados procedimentos policial e administrativo, respectivamente, para apuração de possíveis crimes contra o mercado de capitais, a partir da veiculação, em rede social, de desinformação envolvendo a política monetária brasileira, o Banco Central e seu futuro presidente, Gabriel Galípolo.

A atuação ocorre por meio da Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), que foi acionada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR), após ter sido identificada, na última terça-feira (17/12), uma série de postagens realizadas por um perfil da rede social X (antigo Twitter), atribuindo falsas declarações a Galípolo.

As postagens trazem posicionamentos desprovidos de qualquer fundamento, prontamente desmentidas pelo Bacen, mas que ganharam repercussão significativa no mercado financeiro e em páginas e perfis especializados em análise econômica, fato que gerou impactos negativos na cotação do dólar.

No ofício, com base em informações da Secom/PR, a PNDD afirma que a desinformação, ao interferir diretamente na percepção do mercado, comprometeu a eficácia da política pública federal de estabilização cambial, evidenciando o elevado potencial lesivo de boatos neste contexto.

“Sabe-se que há relação direta entre a cotação de moeda estrangeira, notadamente o dólar, e os preços dos valores mobiliários negociados em bolsas de valores, tanto que a recente elevação do valor da moeda americana veio acompanhada de queda do montante de valores negociados no mercado de capitais”, detalha trecho do documento.

Ademais, a AGU argumenta que as condutas fraudulentas podem configurar crime contra o mercado de capitais (manipulação do mercado), conforme estabelecido no art. 27-C da Lei nº 6.385/1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários.

A procuradora nacional da União de Defesa da Democracia, Karina Nathércia Lopes, destaca que a proteção e a promoção da integridade da informação exigem que o ecossistema digital ofereça informação confiável, consistente, clara e precisa. “Manifestações em plataformas digitais não podem ser realizadas para gerar desinformação sobre políticas públicas nem minar a legitimidade das instituições democráticas, já que essas condutas podem causar prejuízos concretos ao funcionamento eficiente do Estado Democrático de Direito”, finalizou.

Assessoria Especial de Comunicação Social da AGU

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