Seria o primeiro movimento para mudar a política de juros elevados. Senado precisa aprovar indicados
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta segunda-feira (8), na capital paulista, dois novos diretores para o Banco Central (BC). Para a Diretoria de Política Monetária foi indicado Gabriel Galípolo (à direita), que é atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda e foi conselheiro de Lula. Ele substituiria Bruno Serra. Para a Diretoria de Fiscalização, o anunciado foi Aílton de Aquino Santos, servidor de carreira do banco. Os nomes devem passar por aprovação do Senado Federal.
A chegada de Galípolo e Santos seria o primeiro movimento de fato para mudar a atual política de juros elevados (13,75% ao ano) conduzida pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, que é alvo de recorrentes críticas de Lula. No anúncio, Haddad seguiu com seu tom protocolar sobre o impasse, alegando que o diálogo entre BC e Fazenda sobre juros é constante e busca o consenso. Haddad disse que com os registros de queda da inflação, seria hora de reduzir os juros.
“A 1ª vez que eu ouvi o nome do Galípolo para o Banco Central partiu do Roberto Campos Neto. Eu estava no G20, na Índia, fomos almoçar juntos e foi a 1ª pessoa que mencionou a possibilidade do Galípolo ir para o Banco Central no sentido de entrosar as equipes do BC e da Fazenda”, declarou Haddad.
Há uma costura política por trás da indicação de Galípolo, que mantém boas relações com Campos Neto e com empresários bolsonaristas. Sua chegada seria uma preparação para que o ex-conselheiro de Lula assumisse o BC depois de setembro, quando vence o mandato de Campos Neto.
Já Santos seria o primeiro afro-brasileiro a atingir a diretoria da instituição. A presença de um negro seria um pedido direto do presidente Lula. O BC tem, no total, oito diretores, além do presidente. Quem assume a vaga de Galípolo na secretaria-executiva é Dario Durigan, que trabalhou com Haddad na prefeitura de São Paulo.
Haddad esperou a confirmação de Durigan antes de anunciar Galípolo no BC. Esta noite o ministro embarca para a reunião do G7 no Japão.
Os mandatos dos atuais diretores de Fiscalização e Política Monetária expiraram em 28 de fevereiro. Em 31 de dezembro expiram os mandatos de Fernanda Guardado, diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, e de Mauricio Moura, diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta. Já o período de Campos Neto se encerra em setembro de 2024.
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