Ex-BC, economista levou 80% dos votos e vai dirigir banco de fomento para a América Latina e Caribe. Houve resistência à sua indicação
Ex-presidente do Banco Central (BC) no governo Temer, entre junho de 2016 e fevereiro de 2019, o economista e professor Ilan Goldfajn se tornou o primeiro brasileiro eleito à presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) nos 63 anos de existência da instituição. O BID financia grandes projetos de infraestrutura na América Latina e Caribe. Ele foi indicado pelo governo Bolsonaro em outubro. Neste domingo (20), ele levou 80,1% dos votos, derrotando quatro candidatos: Nicolás Eyzaguirre Guzmán, ex-ministro da Economia do Chile; Gerardo Esquivel Hernández, um dos diretores do Banco Central do México; Gerard Johnson, ex-funcionário do BID e natural de Trindade e Tobago; e Cecilia Todesca Bocco, secretária de Relações Econômicas Internacionais da chancelaria argentina, que desistiu e não recebeu votos. Seu mandato será de cinco anos, podendo ser reeleito apenas uma vez.
Considerado um profissional de perfil técnico, Goldfajn tem trânsito entre governos, instituições de fomento e o mundo financeiro nacional e internacional. Todavia, sua indicação encontrou diferentes níveis de resistência entre o atual governo e os petistas que vão voltar ao poder. Ex-ministro de Lula e Dilma, Guido Mantega se mostrou abertamente contrário e chegou a mandar uma mensagem à ex-secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, pedindo a adiamento da eleição no BID para que o novo governo indicasse outro. A justificativa seria a desaprovação de Goldfajn entre financistas brasileiros, o que não encontrou eco nem comprovação. O episódio causou mal-estar, mas foi desfeito com a saída de Mantega da equipe de transição.
The Banker
Com Mantega afastado por uma condenação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) por pedaladas fiscais, o ex-chanceler Celso Amorim, também da transição, afirmou que a equipe suprapartidária de Lula “nem apoiava, nem vetava” Goldfajn. O que foi considerado um tácito sinal verde. No núcleo duro do governo Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes relevou divergências técnicas e pessoais com o economista e endossou sua indicação.
Goldfajn atuava como diretor para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI) desde setembro do ano passado. Sua gestão no BC foi considerada sóbria, defendendo a independência da instituição, combate à inflação mediante alterações nas taxa de juros e compra e venda de dólares mediante arbitragem, o que melhorou as reservas internacionais. Em 2018, foi eleito o melhor banqueiro do mundo pela revista britânica The Banker.
Em nota oficial, o Ministério da Economia informou que os eixos centrais do trabalho do novo presidente do BID serão a “melhoria de infraestrutura física e digital, com mobilização de recursos privados e ampliação da integração regional; combate à pobreza, desigualdade e insegurança alimentar; e combate à mudança climática e proteção da biodiversidade”.
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