O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou suas projeções para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 e em 2022. A estimativa deste ano foi de 8,3% para 9,8%, quase dois dígitos. Já a expectativa para 2022 subiu de 4,1% para 4,9%. Foram alteradas as taxas esperadas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 2021, indo de 8,6% para 10,1%. E para 2022, de 3,9% para 4,6%.
O Ipea citou uma revisão mais intensa dos bens livres e dos preços administrados, com previsões que passaram de 7,9% e 12,9% para 10,3% e 15,6%, respectivamente, como principais justificativas para as novas projeções para a inflação em 2021. Além disso, houve alteração para a inflação de alimentos (8,9% para 9,8%) e de serviços livres (5% para 5,5%).
O cenário considera um aumento expressivo dos preços das commodities no mercado internacional, segundo o Ipea, que afeta a inflação no Brasil e no mundo, mas também fatores domésticos que ajudam a explicar essa aceleração mais intensa, como a estiagem, que gerou uma baixa histórica nos níveis dos reservatórios, levando a adoção da bandeira de escassez hídrica e de reajustes da bandeira vermelha para cobrir o custo mais elevado da energia produzida pelas termelétricas.
Para o próximo ano, o panorama esperado considera desaceleração da inflação em todos os segmentos, mas que o primeiro trimestre ainda terá manutenção de um descompasso entre a oferta e a demanda de matérias-primas, o que vem pressionando os preços. Há expectativa de inércia inflacionária na formação dos reajustes de 2022, diante do nível elevado deste ano.