Um levantamento da 99, empresa de tecnologia ligada à mobilidade, feito entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021 em seis capitais brasileiras, mostra que o volume de corridas por aplicativo realizadas pela parcela mais pobre da sociedade aumentou 36%, enquanto o número de corridas entre a faixa mais rica caiu 41%.
No recorte da cidade de São Paulo, mais rica do país, a desigualdade fica ainda mais evidente. A população que recebe até dois salários mínimos passou a utilizar 75% mais os carros por aplicativo na comparação entre fevereiro de 2020 com o mesmo mês deste ano. Enquanto isso, a população paulistana que recebe acima de cinco salários mínimos faz hoje 54% menos corridas por aplicativo.
Os dados gerais divulgados pela companhia apontam que a faixa com menor renda está recorrendo cada vez mais aos carros por aplicativo como alternativa de mobilidade ao ter que sair de casa durante a pandemia da covid-19, já a parcela mais rica passou a utilizar menos a modalidade – e preferir o veículo próprio.
“A constatação desse levantamento é reflexo da desigualdade que a pandemia escancarou no Brasil. Pessoas que ganham menos não puderam manter o home office e o isolamento social, pois precisam sair de casa para trabalhar. São profissionais que atuam, em sua maioria, em funções que não permitem o trabalho remoto, como caixas de supermercados, diaristas, porteiros ou atendentes em lojas”, observou a diretora de Operações da 99, Lívia Pozzi. “Já os mais ricos puderam permanecer em casa, seja fazendo home office ou utilizando alguma reserva financeira que conseguiram economizar. Além disso, ao sair de casa, as pessoas com maior poder aquisitivo, muitas vezes, possuem carro próprio, o que não é a realidade para os mais pobres”, acrescentou a executiva.