Mesmo com melhoras sensíveis na economia, não deve ser possível retornar aos níveis de atividade do primeiro trimestre. As perdas acumuladas em 2020 giram em torno de 5%, e, para que a atividade feche 2020 tendo recuperado as perdas experimentadas desde a chegada da pandemia, seria necessário que o quarto trimestre tivesse uma taxa de crescimento em torno de 2,5%, na comparação ajustada com o período imediatamente anterior. A análise é da pesquisadora de Economia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), Mayara Santiago.Para a pesquisadora, uma recuperação total só poderia ocorrer se o produto interno bruto (PIB) do ano tiver uma taxa menos negativa do que a esperada, que é de -4,7%. “Não devemos zerar as perdas do segundo trimestre ainda esse ano. O esperado é que a atividade econômica retome o patamar pré-Covid-19 apenas em 2022, a depender do cenário”, explicou a pesquisadora. Cenário este que incluiu o surgimento de uma vacina e a contenção de novas ondas da doença.As considerações surgiram diante da divulgação, nesta quinta-feira (3), do último balanço do PIB, que apresentou um crescimento de 7,7% no terceiro trimestre, em relação ao segundo tri. O índice é medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Ainda nesta quinta-feira (3), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o crescimento ficou abaixo do esperado, mas demonstra uma retomada. “Veio um pouquinho abaixo do esperado, mas o fato é que a economia está voltando em V”, afirmou. Recuperação em V é um termo usado por economistas para relatar uma retomada intensa depois de uma queda abrupta na atividade econômica. Guedes até pode ter razão, mas a perna ascendente do V só deve chegar ao ápice em 2021 ou depois.