Antes de enviar medidas econômicas ao Congresso está prevista a liberação de preços dos combustíveis e o fim dos subsídios para água, luz e transportes
“Hoje começa uma nova era na Argentina. Hoje damos por terminada uma longa e triste história de decadência e começamos o caminho de reconstrução do país”, disse o novo presidente da Argentino, Javier Milei, em seu primeiro discurso.
Sua primeira ação concreta de governo foi anunciar o encolhimento dos ministérios, que de 18 caíram para apenas nove. A medida se dá com a criação de um Decreto Nacional de Urgência (DNU). O enxugamento ministerial foi uma promessa de campanha. As pastas extintas são as da Educação, Trabalho, Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação, Cultura, Mulheres, Gênero e Diversidade, Turismo e Esporte e Desenvolvimento Territorial e Habitacional.
Os ministério que ficam são os de Interior, Relações Exteriores e Comércio Internacional, Defesa, Economia, Infraestrutura, Justiça, Segurança, Saúde e a novidade, a pasta de Capital Humano, que abrigará desenvolvimento social, trabalho e educação.
“Lamentavelmente tenho que dizer uma vez mais: não há dinheiro“, afirmou. Daí a necessidade de enxugar o setor público: “Um ajuste organizado, que entrará com força sob o Estado e não no setor privado. Sabemos que será duro”, falou. Segundo o novo presidente, a Argentina viveu, em seus últimos anos, uma grave crise e uma grande inflação. “Nenhum governo recebeu uma situação pior do que estamos recebendo.”
Para uma multidão de pessoas, que vestiam principalmente a camisa da seleção argentina, Milei falou por cerca de 30 minutos e enfatizou que será preciso paciência da população, porque o ajuste fiscal a ser feito deverá ser difícil no início. “Não há alternativa possível que não seja o ajuste. Logicamente isso vai impactar no nível de atividade, emprego, salários reais e na quantidade de pobres e indigentes. Haverá inflação, é certo. Mas não é algo diferente do que ocorreu nos últimos 12 anos”, disse.
Ao final de seu discurso, declarou ainda que não perseguirá opositores. “A todos os dirigentes políticos e sindicais, nós os receberemos com braços abertos”, disse.
Primeiro dia
Nesta segunda-feira (11), no primeiro dia de expediente como presidente, Milei deve se reunir com sua equipe, na Casa Rosada, a partir das 9h, para dar início às mudanças econômicas que deve encaminhar ao Congresso ainda essa semana.
Uma amargo pacote de medidas econômicas deve ser anunciado nos próximos dias. Algumas necessitam da aprovação do Congresso, mas outras não, como a retirada de subsídios de tarifas para água, luz e transporte. Também devem ser liberados os preços dos combustíveis e dos planos de saúde. Milei pretende também paralisar obras públicas por falta de caixa. A partir daí, poderá e sentir a temperatura das resistências ao seu projeto.
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