Apesar de toda a conversa sobre igualdade de gênero na Europa, apenas 7% das empresas listadas nas nações mais ricas da região são lideradas por mulheres. De acordo com um relatório publicado na quinta-feira (20) pela organizaçãoEuropean Women on Boards, que rastreou 668 empresas em 19 países, a proporção de mulheres executivas aumentou apenas 1 ponto percentual em 2021 em relação ao ano anterior. “Isso é chocante”, disse Hedwige Nuyens, presidente da EWOB, em entrevista, acrescentando que nesse ritmo levará décadas para alguma igualdade ser atingida.
Nos EUA não é diferente. Apenas 6% dos CEOs do S&P500 são mulheres. Na Europa, Noruega e República Tcheca lideram o grupo com a maior proporção de CEOs femininos, enquanto Luxemburgo, Suíça, Itália e Alemanha se saem mal.
A experiência da Noruega traz uma lição para o resto do mundo: em 2007, o país exigiu que as empresas nomeassem mulheres para 40% de seus cargos no conselho ou seriam fechadas. A obrigatoriedade forçou as empresas a procurar mulheres para cargos de alto escalão, abrindo oportunidades para que ganhassem experiência suficiente para galgar cargos de CEO quando possível. “Não é que as mulheres não estejam lá. É que elas não são procuradas”, explicou Nuyens.
Seguindo esses passos, a União Europeia estabeleceu que até 2025 as mulheres detenham pelo menos 40% dos assentos dos conselhos. Essa representação agora é de 30% na UE e de 35% no Reino Unido e na Noruega, que não fazem parte do bloco. Nos conselhos executivos mais poderosos, no entanto, essa proporção cai para 19%, mostrando a razão de as mulheres terem menos espaço para chegarem a CEO.
Desde 2020, apenas oito empresas do estudo promoveram mulheres para o cargo mais alto. E as três com maior participação absoluta de mulheres em cargos de liderança são britânicas. O progresso lento ocorre mesmo diante da evidência de que as empresas com mais presença feminina no altos escalões tiveram pelo menos um terço de seus assentos no conselho ocupados por las ao longo dos anos anteriores, segundo o relatório. Há também estudos que mostram que empresas com maior diversidade de gênero em funções decisórias são mais produtivas e inovadoras.
Para Rosa Kriesche-Küderli, presidente de pesquisa e comunicação da EWOB, ter mais mulheres para liderar empresas não é particularmente complicado. “Alcançar a igualdade de gênero é brutalmente simples: você precisa recrutar ativamente mais mulheres para cargos de liderança”, afirma no relatório.