Nas redes sociais, vejo um argumento recorrente nas discussões sobre a pandemia – o de que, no chamado Primeiro Mundo, ninguém discute a importância ou a procedência das vacinas e que o apoio aos imunizantes é geral. Reportagem publicada hoje (5) no jornal O Estado de S. Paulo, no entanto, mostra um cenário completamente diferente e derruba essa tese.
A matéria mostra um quadro impressionante: a vacina contra a Covid-19 é rejeitada por 40 % dos franceses, 26 % dos americanos e 23 % dos alemães. A fonte é uma pesquisa da Kantar Public, que também aponta um dado preocupante, o de que somente 11 % dos entrevistados nos Estados Unidos e 13 % na França afirmam que seus governos são fontes confiáveis de informações sobre as vacinas.
Segundo um executivo da Kantar, o cenário visto nos EUA, França e Alemanha é decorrente dessa falta de confiança nas autoridades.
No Brasil, entretanto, esse mesmo fenômeno é mais comum em quem apoia o governo de Jair Bolsonaro – aliás, o próprio presidente se comporta como um descrente no poder dos imunizantes. Ou seja, em terras brasileiras, este tipo de negacionismo tem outras raízes que não a desconfiança em relação ao governo.
Entre os negacionistas nacionais, há uma miríade de razões para rejeitar as vacinas. Existem pessoas que não acreditam até hoje na letalidade do coronavírus; que consideram a pandemia um exagero criado pela imprensa; que preferem a chamada imunização de rebanho, mesmo com mortes desnecessárias; que desconfiam dos efeitos colaterais das doses que chegam agora ao mercado; que acreditam existir outros tipos de profilaxia, como a cloroquina e a ivermectina.
Neste momento de crise, porém, não importa qual seja o motivo de descrença. É melhor esquecê-lo, pois estamos em uma batalha estatística contra essa doença, que está deprimindo a economia e devastando alguns mercados. A vacina, hoje, é a única saída que temos para a recuperação econômica, a preservação de vidas e de nosso sistema de saúde.