Levantamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) divulgado no dia 11 de janeiro aponta que o Brasil registrou 231,8 milhões de linhas de telefonia móvel no mês de novembro, apresentando uma queda de 0,65% na comparação com o mês anterior e de 3,04% no acumulado de 12 meses.
Segundo a consultoria Teleco, especializada no mercado de telecomunicações, a base de celulares no país vem diminuindo desde 2014, quando atingiu o número recorde de 281 milhões de linhas móveis – contabilizadas a partir da quantidade de chips ativos. A empresa atribui a queda ao abandono do segundo chip pelos usuários, em geral para planos pré-pagos.
Apesar de a quantidade de dispositivos móveis ativos estar diminuindo, o dado da Anatel chama a atenção por um simples fato: há mais celulares do que pessoas no Brasil, uma vez que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima a população do país em 208 milhões de habitantes.
Para o analista da consultoria IDC, Renato Murari Meireles, a grande quantidade de smartphones está ligada ao aumento do trabalho informal nos últimos anos, que minimiza os efeitos do abandono do segundo chip. “Acredito que o uso de um segundo aparelho por parte de alguns usuários tem relação com o crescimento de atividades como o Uber e o avanço do home office”, analisa. “O consumidor entende que é preciso adquirir mais um celular para realizar esses trabalhos informais, deixando outro para uso pessoal.”
Mais qualidade, menos quantidade
A queda no número de linhas móveis constatada pela Anatel se reflete nos dados de vendas de celulares. A própria IDC estima que o ano de 2018 vai fechar com baixa de 6% em unidades vendidas, na comparação com 2017. Só no quarto trimestre do ano passado, o recuo deve ser de 10,5% em relação ao mesmo período de 2017, com estimativa de 11,3 milhões de unidades vendidas.
Contudo, a receita a partir da venda de celulares deve encerrar 2018 com alta de 5%, demonstrando que os consumidores estão comprando aparelhos mais sofisticados e, portanto, mais caros. “Temos um usuário cada vez mais informado e disposto a pagar mais, buscando dispositivos mais sofisticados”, afirma Meireles. A retomada da atividade econômica nos últimos meses também contribui, pois aumenta a confiança e o poder de compra da população.
O especialista explica que o preço médio gasto por celular tem aumentado nos últimos anos. “No terceiro trimestre de 2017, o ticket médio na faixa entre R$ 700 e R$ 1.099 representava 56% das vendas, enquanto o ticket entre R$ 1.100 e R$ 1.999 era de apenas 18%”, diz. “No mesmo período de 2018, o ticket entre R$ 700 e R$ 1.099 passou a representar 35%, enquanto a faixa entre R$ 1.100 e R$ 1.999 hoje é de aproximadamente 30%. E a tendência é que esta ganhe cada vez mais espaço.”